Por Fernando Fernandes, publicado pelo Instituto Liberal
Não faltaram avisos apontando que o modelo perdulário e sem planejamento, típicos dos últimos 13 anos de governo federal, estava chocando alguns ovos nas esferas estaduais brasileiras. O exemplo clássico é o Estado do Rio Grande do Sul, portador de uma dívida que é duas vezes o valor da sua arrecadação, o estado sofre o resultado de anos de política econômica keynesiana, ou seja, gastos excessivos, malinvestment, e descontroles fiscais.
Entretanto, nesta sexta-feira o cidadão do Estado do Rio de Janeiro foi totalmente ultrajado com o decreto nº 45.692 que instaurou o “estado de calamidade pública” em razão da gravíssima crise financeira que vem sangrando o estado fluminense (e eu achando que a vergonha que alguns políticos nos fazem passar tinha limites!). O governo do Estado do Rio de Janeiro decretou falência e anunciou com esta ação alta e claramente que fomos à bancarrota.
Contudo, não foi o acaso que nos colocou na situação atual. O desastre fluminense é conseqüência direta do mesmo mal que vem quebrando o Brasil: uma mistura nociva e perniciosa de esquerdismo, populismo e demagogia. Se eu quisesse resumir diria: uma maldita tradição estatizante da economia.
Foi o esquerdismo misturado com populismo fez com que a Assembleia Legislativa do Rio aprovar a tal lei do “desfaçamento”, proibindo o porte de facas como se instrumentos inanimados fossem capazes que criar vida e matar pessoas. O argumento, porém, foi combater a criminalidade. Outro exemplo foi a tentativa de aprovar a taxa única de serviços tributários. Uma medida que, na prática, significaria aumentar a tributação para aqueles que querem empreender. A submissão demagógica ao devaneio de um Estado provedor nos conduziu ao epicentro do colapso econômico e político que vivemos. Será que é muito compreender que o tal “Estado provedor” sempre produzirá um Estado gigante para tributar, mas minúsculo para servir?
A ignorância econômica fez que no Rio de Janeiro, como no Brasil, prevalecesse o capitalismo de quadrilha (crony capitalism) tanto para assumir a dívida de R$ 38,9 milhões da SuperVia, quanto no apadrinhamento político da realização de investimentos no projeto do COMPERJ – este nos brindará até R$ 45 bilhões de prejuízo. Eis o modelo de administração bem-sucedido de como dilapidar uma população inteira.
Em conseqüência, recebemos números alarmantes. Já chegamos ao 43º policial morto este ano, o maior número entre as capitais. Os anos de governo Petrolão (PT-PMDB-PP…) jogou no lixo as riquezas do RJ, destruíram nossos sonhos, acabaram com nossa capacidade de gerar empregos e colocaram uma pedra no futuro de milhões de pessoas. Nossas escolas estão abandonadas, nossa polícia morrendo, nossa UERJ trancada – tudo é fruto de anos se descaso. Zika, Dengue, bala perdida, roubo, tráfico, corrupção, trem lotado, engarrafamento… A lista não tem fim!
Mas não é só a ampliação dos gastos públicos e crescimento indefinido e ilimitado da máquina estatal. Nossas autoridades não tiveram planejamento para extrair, responsavelmente, o melhor do boom de commodities e, ainda, com a falta de diversificação econômica, nos tornamos reféns do petróleo. Nos faltou um estadista que pudesse ter uma visão moderna e austríaca, que compreendesse que o caminho que nos retira da servidão é, precisamente, nos leva a um Estado menor, responsável e cumpridor de suas obrigações essenciais. Estabelecendo uma visão republicana de respeito pelo dinheiro público e transparência.
Essa é a primeira vez na história que o Estado toma medida semelhante na área financeira. Uma medida desesperada para conseguir a qualquer custro os recursos da, em vias de falência, União. Se a moda pega, todo mundo vai querer um pouquinho do paternalismo. Imagine o rio grande do sul, em situação ainda pior com já descrito, decretando estado de calamidade para também recorrer a sua parcela dos recursos federais.
Por fim, em uma coisa o governo estadual tem razão: chegamos a um estado de calamidade total e sem precedentes! E ainda teremos que aturar as Olimpíadas que, neste contexto, se converteu em uma piada de mau gosto.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS