O empresário Flavio Rocha, da Riachuelo, desistiu recentemente de sua candidatura a presidente, e publicou hoje uma carta na Folha explicando seus motivos e agradecendo todo apoio que recebeu no processo. Flavio é um empresário que tem criticado seus pares por ficarem na zona de conforto, sem dar a cara a tapa na luta por um país melhor.
Flavio assumiu um discurso liberal na economia e conservador nos costumes, bem alinhado com aquilo que considero o necessário para nosso futuro mais livre e próspero, além de seguro. Em sua carta de “despedida”, o empresário lembrou que se retira da disputa eleitoral, não do combate pelas mudanças de que o Brasil precisa. O foco, agora, será seu projeto Brasil 200:
Nosso projeto, portanto, continua de pé, mais urgente e necessário do que nunca. Tenho observado o Brasil a partir do camarote privilegiado do comércio varejista, um setor democrático por excelência e por natureza. Percebo que falta nas prateleiras o serviço público de qualidade exigido pela população.
Temos que construir esse Estado servidor, um Estado que devolva à dona Maria, em serviços dignos, o que ela paga em impostos elevados.
Tenho no horizonte um Brasil verdadeiramente liberal, aquele vislumbrado no movimento Brasil 200, que me orgulho de ter fundado. É dessa trincheira que continuarei combatendo o bom combate.
Por isso, a desistência em disputar a Presidência não significa o fim de uma luta. Uma campanha política é uma corrida de 100 metros. Uma pessoa preocupada com o futuro do Brasil tem que ter a perspectiva de uma maratona.
O Brasil 200, como você sabe, é uma referência aos 200 anos de independência do Brasil, a serem comemorados em 2022, por ocasião do término do mandato do próximo presidente. Faço votos de que, nesse bicentenário que se aproxima, a liberdade, individual e econômica —uma ideia associada à noção de independência— não seja apenas uma expressão esvaziada de seu sentido mais profundo.
Gosto da metáfora do time de futebol: tem espaço para vários perfis distintos. O zagueiro tem seu papel, assim como os laterais, o meio-campo, os atacantes. Cada um tem a sua função nesse time. E no time dos liberais e conservadores, também é necessário contar com diferentes estilos.
No ataque, precisamos de políticos dispostos a comprar as brigas na ponta final, marcar gols pela direita. Mas essa função jamais será possível sem o devido trabalho de base, desde a zaga, passando pelo meio-campo até chegar ao gol adversário.
Flavio Rocha tentou vestir a camisa de atacante, e não deu. Tudo bem. Pode não ser seu perfil. Espero, então, que ele ajude no trabalho de meio-campo, endossando a mensagem preparada pela cozinha, pelos “think tanks” e principais pensadores de direita.
A luta por mudanças estruturais é, sem dúvida, uma maratona, não uma corrida de 100 metros rasos. Exige fôlego e paciência. E, claro, investimentos. Muitos empresários acreditam só em bancar campanhas eleitorais, não institutos de ideias. Big mistake! São as ideias que iluminam a escuridão, como sabia Mises.
Faço votos de que o projeto Brasil 200 decole, para levar sua mensagem liberal ao país todo. No campo da política, seguiremos tendo de escolher entre o ruim e o pior, até porque não há candidato algum entre os principais com um perfil realmente liberal.
Rodrigo Constantino
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