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Em uma nova derrota para o Palácio do Planalto, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, decidiu suspender temporariamente a posse da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) como ministra do Trabalho, que estava marcada para ocorrer às 9 horas desta segunda-feira (22). A decisão da presidente do STF foi feita no âmbito de um processo movido por um grupo de advogados trabalhistas.

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Cármen alegou em sua decisão que os princípios constitucionais da segurança jurídica e da efetividade da jurisdição “seriam comprometidos com o ato de posse antes de se poder examinar a suspensão das decisões de primeira e de segunda instâncias que a impediam neste momento”.

“Defiro parcialmente a providência liminar para a suspensão do ato de posse até que, juntadas as informações, incluído o inteiro teor do ato reclamado, seja possível a análise dos pedidos formulados na presente reclamação, sem prejuízo de reexame desta decisão precária e urgente”, escreveu Cármen Lúcia em trecho de decisão publicada na madrugada desta segunda-feira no site do STF.

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Vivemos tempos estranhos, em que o Poder Judiciário, especialmente na figura do STF, assume um papel cada vez mais invasivo dos demais poderes. Casos em que o STF resolveu legislar no lugar do Parlamento são abundantes e conhecidos. O ministro Barroso, para dar um exemplo, deveria urgentemente abandonar a toga e se candidatar a deputado ou senador, de preferência pelo PSOL, pois aí sim teria o direito de legislar sobre o aborto.

Mas não é só no legislativo que essa interferência tem sido excessiva. No Poder Executivo também. O Judiciário simplesmente não quer permitir a posse da ministra do Trabalho, e os motivos não parecem nada convincentes. Ninguém é obrigado a gostar da indicação de Temer, mas isso não dá razão para quem quer nomear uma ministra em seu lugar. Carlos Andreazza comentou sobre o caso:

Já Alexandre Borges partiu mesmo foi para a ironia diante da situação inusitada:

Quando Lord Acton disse que a liberdade sempre contou com poucos amigos sinceros, o que ele tinha em mente era justamente o uso seletivo que fazem dela, sua substituição pelo arbítrio, pelas preferências pessoais e subjetivas. “Eu não gosto de algo ou de Fulano, logo, deve haver uma lei proibindo esse algo ou punindo tal Fulano”. Não é assim que se constrói uma nação livre, uma República…

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Todos têm total direito de se revoltar com a escolha de Temer, achar que ela é absurda, indecente, inaceitável. Mas não é no “tapetão” que se resolve isso. Não é na marra, impedindo a posse da ministra. Não é pela imposição de uma ministra do STF. Então agora ter um processo na Justiça do Trabalho será razão suficiente para impedir qualquer ministro do Trabalho?

São tempos estranhos. A hipertrofia do Poder Judiciário pode produzir uma sensação de “justiça” no curto prazo, mas a que custo? Qual o efeito disso no longo prazo? Teremos uma tirania de toga? Ainda teremos alguma utilidade para o voto popular, para a eleição dos representantes do povo nos poderes Legislativo e Executivo? Ou basta passar o bastão ao STF e deixar que os “ungidos” assumam de vez o controle total do Brasil?

Rodrigo Constantino