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Carta aberta ao prefeito Eduardo Paes

Prezado Duda,

Antes de mais nada, gostaria de dizer que sua gestão na Prefeitura carioca tem sido digna de elogios, principalmente se comparada com o histórico de prefeitos que já tivemos. A seriedade com que foram administrados os setores de finanças e educação, os quais conheço parte da equipe e posso atestar sua capacidade, merece nota.

Eduarda Rocque e Cláudia Costin foram escolhas bastante acertadas, e com elas você mostrou que estava realmente disposto a blindar os setores mais importantes de sua gestão, ao contrário do que ocorreu nos esportes, gueto do PCdoB.

Entendo que é preciso ser pragmático em política, que as alianças são necessárias, e que a ideologia praticamente desapareceu dos partidos. Mas deve haver um limite! PCdoB, Duda? Também entendo sua rivalidade com César Maia, que antes fora seu “padrinho” político. Aliás, a revolta com César Maia é a coisa mais compreensível do mundo para um liberal: ele conseguiu manchar a imagem do DEM no Rio, e confundir a cabeça dos leigos, que acham que aquele velho “brizolismo” é o que os liberais pregam. Não!

Portanto, nessa “suruba” política de nosso país, não pretendo cobrar de você uma suposta “pureza” ideológica, tampouco uma postura romântica que rejeite qualquer aliança mais intragável, o que seria suicídio político. Mas, como já disse, deve haver um limite. Seus afagos na presidente Dilma têm sido exagerados, vergonhosos, e não tenha dúvidas: essa marca negra ficará para sempre em seu currículo.

Chego, agora, ao cerne da questão, ao verdadeiro motivo desta carta. Duda, o momento que o Brasil passa é de extrema importância. O PT vem aparelhando toda a máquina estatal, infiltrando petista disfarçado (ou nem tanto) até no Supremo Tribunal Federal. Os milhares de cargos apontados foram preenchidos por pelegos e militantes. Não há compromisso algum com a qualidade técnica, ao contrário do que você mesmo fez na Prefeitura.

Fora isso, estamos falando de um partido extremamente autoritário, membro do Foro de São Paulo ao lado de terroristas e ditadores. Um partido que vem tentando subjugar a imprensa desde o primeiro dia de mandato. Um partido absolutamente populista, que segrega o país e fomenta uma “luta de classes” artificial, que coloca “pobres” contra “ricos”, “negros” contra “brancos”, que divide para conquistar o poder.

Falemos, ainda, da gestão econômica temerária. O tripé macroeconômico foi abandonado, o Banco Central não controla a inflação, os malabarismos contábeis aniquilaram nossa credibilidade no mundo todo, o intervencionismo econômico afugentou os investidores. O resultado está aí: estagflação! Nossa economia não cresce, nossa inflação cresce sem parar.

Duda, é isso que você vai defender nas próximas eleições? Sério? Você, que frequentou no passado o Instituto Liberal, que recebia nossos artigos, que sabe que o liberalismo é muito melhor do que esse desenvolvimentismo tupiniquim? Você consegue dormir tranquilo sabendo que está contribuindo com esse projeto bolivariano do PT?

Espero que não. E não deveria, se lhe restam os valores democráticos que tinha. Sua trajetória sempre teve mais ligação com a social-democracia civilizada dos tucanos. Você sabe disso, eu sei disso. A perspectiva de crescimento na política pode ter ficado limitada, inclusive com os obstáculos criados por César Maia. Mas virar garoto-propaganda do PT? Isso já é demais da conta!

O PMDB é um saco de gatos, o partido mais fisiológico de todos, mais sem identidade. Tem de tudo nele. E o PMDB do Rio rachou com o PT. Boa parte vai apoiar Aécio Neves. Hoje, o vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice, o mesmo que criou uma “lista negra” de formadores de opinião que seriam “inimigos da pátria” por criticar o governo Dilma, citou seu nome como evidência de que nem tudo está perdido no Rio. Veja bem, Duda! Um sujeito desses te elogiando, isso é uma vergonha!

Ainda há tempo, Duda, de “trair” o PT para não trair a pátria! Ainda dá tempo de pular fora desse barco furado – até porque Dilma vai perder – e resgatar seu nome, sua tradição, seu legado, seu histórico, da lama em que você se afunda cada vez mais, ao tecer loas a um governo terrível como o atual. Diga não ao PT e sim ao Brasil, Duda!

Cordialmente,

Rodrigo.

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