Como muitos já sabem, tive um filho nesta semana. Serviço hospitalar impecável. Mas não é da iniciativa privada prestando bons serviços que quero falar, pois isso é o básico, o que esperamos, o que normalmente conseguimos, especialmente em setores com bastante concorrência e menos intervenção estatal. Quero falar do estado mesmo.
O governador Rick Scott e sua esposa mandaram um cartão para minha família. Sim, eu sei que não foi ele diretamente, e não foi para mim especificamente, para o Constantino. É de praxe, uma prática oficial de seu governo. Um cartão formal, com mensagem e assinatura padronizadas, para todos os bebês que nascem na Flórida.
Não importa: demonstra uma preocupação que normalmente não vemos por aí (do governo brasileiro espero receber alguma fatura cobrando impostos já na largada). E destaca a bandeira americana na capa, para fortalecer o patriotismo e a cidadania.
No mais, o governador republicano pede para que a família ofereça leitura, para despertar a imaginação das crianças, e faça um acompanhamento da vacinação, com uma caderneta que veio junto do cartão. Está estimulando a educação e a saúde. Em inglês e também na língua “oficial” da Flórida, o espanhol. E termina com um “God bless your family”, sem cerimônia politicamente correta, sem afetação “laica”. Vejam:
Pode ficar tranquilo, governador, que o Antonio terá uma formação moral sólida em casa. A carta que escrevi para ele, uma espécie de testamento ético, já deixa isso bem claro. E também será criado para ser um cidadão decente, honesto, que respeita as regras e as leis e que contribui para o fortalecimento da comunidade em que vive.
Nossa família reconhece o legado americano e não escolheu morar na Flórida por acaso, ou para ficar cuspindo naquilo que permitiu seu relativo avanço, a paz e a prosperidade que vemos em volta. Sabemos muito bem que isso tudo tem um custo, que é resultado de uma cultura, uma tradição, que precisa ser alimentada sempre.
Não há espaço para antiamericanismo infantil na nossa casa. Não há lugar para ficar detonando a América. Ao contrário: somos gratos aos “pais fundadores” e todos aqueles que souberam manter a chama da liberdade acesa, enfrentar seus inimigos com coragem e determinação. Louvamos os cidadãos de bem e os militares que sempre defenderam esse legado.
Claro, como liberais, somos céticos com o governo, sempre. Mas isso não é o mesmo que adotar uma postura boboca de antipolítica, demonizar a própria democracia republicana, que tem muitos defeitos, sem dúvida, mas é melhor do que as alternativas. Por isso sabemos reconhecer a boa intenção do gesto, e esperamos cumprir com as funções de “floridanos” decentes. Pode ficar sossegado!
PS: No dia em que Antonio puder votar, algo me diz que o Partido Republicano terá um eleitor a mais. Ele será livre para escolher, sem dúvida, mas tenho esse palpite…
Rodrigo Constantino
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