Pelo incrível que pareça, há gente que não enxerga no enorme escândalo envolvendo o grupo JBS um argumento bom, quiçá definitivo, a favor das privatizações. É um espanto, eu sei, mas como tem gente na esquerda que se recusa a raciocinar, estamos aqui para isso, para ajudá-los nessa terrível tarefa. Reparem o que um “leitor” escreveu, tentando claramente me provocar, e vejam a resposta que dei, com certa preguiça, confesso:
Ou seja, temos um escândalo gigantesco que foi produzido diretamente pelo BNDES, que representa um marco do “capitalismo de laços” vigente no Brasil, esse esquema de compadres entre governo e grandes empresários, possível apenas porque o governo é inchado e poderoso, porque o governo é banqueiro, mas o rapaz – e como ele sabemos que existem vários outros do mesmo tipo – vem atacar… a iniciativa privada pelo problema!
Lamento minha falta de paciência, mas é que são anos e anos lutando nessa arena, e o Brasil cansa. Como cansa! Mas felizmente há outros com mais paciência que ainda se dedicam a explicar a lógica da questão. É o caso de Guido Orgis, que escreveu na Gazeta do Povo um texto argumentando que a corrupção é um bom argumento para a privatização dos bancos públicos. Seguem alguns trechos:
Com a Operação Lava Jato entrando no esquema de concessão de crédito pelo BNDES à JBS, volta à tona a necessidade de o país repensar seu sistema de bancos públicos. Sujeitos a nomeações políticas, análise enviesada na concessão de crédito e o apoio virtualmente infinito do Tesouro, os bancos públicos distorceram o sistema financeiro e se tornaram um foco de corrupção.
Não é só o BNDES que tem problemas em investigação. A Caixa, por exemplo, é investigada por causa da interferência da dupla Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima (que foi vice-presidente do banco). Ela também é investigada por causa da polêmica compra do Panamericano, o banco falido de Silvio Santos.
Há também frentes da Lava Jato que investigam empréstimos do Banco do Brasil – contratos de aquisição de software de R$ 150 milhões estão sob suspeita. Poucas semanas atrás, uma licitação de publicidade do banco foi cancelada após denúncia de direcionamento feita pelo jornal Folha de S. Paulo. O Banco do Nordeste (BNB), também federal, está sendo investigado por empréstimos fraudulentos que podem ter provocado um prejuízo bilionário.
Esses são só alguns exemplos de como o uso incorreto de bancos públicos causam prejuízos que posteriormente são pagos por toda a sociedade.
[…]
Hoje, mais da metade da carteira de crédito no Brasil está com bancos públicos. O governo federal, além de BB, Caixa, BNDES e BNB, tem em suas mãos o Banco da Amazônia e a Finep (esta um órgão para financiar atividades inovadoras).
[…]
Faria muito sentido se o Estado no Brasil deixasse de lado sua atividade de banqueiro – ou que pelo menos reduzisse sua presença ao mínimo necessário. Se optasse por vender todos os seus bancos comerciais, o governo poderia concentrar a concessão de subsídios através de uma única instituição, em parceria com operadores privados.
[…]
A dependência do juro subsidiado distribuído por bancos públicos tem custos que estão espalhados por toda a economia e benefícios concentrados em quem tem acesso a esse crédito, algumas vezes de forma incorreta. Algo muito similar a tudo que avança em Brasília.
Orgis, vale notar, faz uma análise bem benevolente ainda, aceitando o “lado bom” desse estado banqueiro. Não concordo: os custos superam e muito os “benefícios”. Mesmo na questão da taxa de juros, o resultado da existência do BNDES é aumentá-la, pelo efeito que chamamos de “crowding out”, ou seja, o estado banqueiro afasta a iniciativa privada do setor, reduzindo a competição e produzindo aumento nos juros.
Só quem aplaude mesmo o estado banqueiro é a esquerda, que sempre quer mais estado para mamar em suas tetas e concentrar poder, e os grandes grupos de “amigos do rei”, que preferem “investir” em lobby em Brasília em vez de produtividade. Competir dá muito trabalho.
É por isso que os Batistas, tanto os irmãos Wesley e Joesley, como Eike, adoram o BNDES e devem ter uma estátua de Luciano Coutinho, seu ex-presidente na era lulopetista, em suas mansões. O povo paga o pato, para não variar…
Respondendo, então, à pergunta retórica do título: Privatize já!
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
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