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Caso venezuelano serve para lembrar que crise econômica não é garantia de mudança política
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Muitos acham que a crise econômica é condição suficiente para a queda do PT. Seguem o mantra “É a economia, estúpido!”, ignorando que uma coisa é democracia nos Estados Unidos, onde o slogan surgiu, e outra bem diferente é “democracia” na América Latina, com governos populistas e instituições mais frágeis. A política não anda pari passu com a economia, e os países bolivarianos estão aí para provar.

A crise econômica não poderia ser mais grave do que na Argentina ou na Venezuela, onde a inflação disparou para taxas bizarras superiores a 150% ao ano. No entanto, os regimes bolivarianos resistem, usando e abusando da máquina estatal para intimidar, comprar votos, calar opositores e se manter no poder. Sei que no Brasil as instituições são um pouco mais sólidas, mas são invioláveis por acaso?

Basta pensar no STF aparelhado para saber que a resposta é “não”. Há, ainda, a dúvida das urnas eletrônicas. Muitos boatos e indícios de fraudes surgiram durante a última eleição, alimentando essa dúvida. O deputado Jair Bolsonaro passou a defender a impressão do voto para que o eleitor pudesse verificar se não houve equívoco. Em maio, ele explicou seus motivos:

Mais recentemente, voltou a tocar no assunto, citando o estranho caso de Pernambuco:

 

“Como que pode Pernambuco não eleger nenhum deputado do PT e Dilma ter 70% dos votos lá!” – Jair Bolsonaro.

Posted by Claudio Tonelli on Quarta, 21 de outubro de 2015

Alguns podem falar que é paranoia, mas dá mesmo para confiar no PT e no TSE, com Dias Toffoli por lá? Enfim, tudo isso vem à mente quando verificamos o estágio avançado de destruição da democracia venezuelana. Simplesmente não há mais sequer verificação internacional, pois todos, mesmo o Brasil camarada e o ex-presidente bobão Jimmy Carter, deram-se conta de que tudo é uma grande farsa.

O editorial do GLOBO de hoje toca no assunto:

Diplomaticamente afrontoso, não é de surpreender o veto do governo venezuelano ao nome de Nelson Jobim — ex-presidente do STF e do TSE e ministro da Justiça de FH e da Defesa de Lula e Dilma — para liderar, como representante do tribunal eleitoral brasileiro, a missão de observadores da Unasul que acompanhará as eleições parlamentares do país. A decisão exala um forte cheiro de autoritarismo e se soma a uma série de medidas que indicam a intenção do governo de Nicolás Maduro de manipular o pleito, para garantir o total controle do Legislativo, tornando mais duro o o regime bolivariano na Venezuela.

Compreende-se o temor de Maduro. Após se beneficiar de um boicote eleitoral em 2005, quando os principais partidos de oposição, num ato de protesto, não participaram do pleito, o regime agora se vê ameaçado pelo crescente nível de insatisfação dos venezuelanos, afetados por uma crise econômica sem precedentes.

[…]

Maduro classificou as críticas internacionais como intromissão indevida em assuntos internos e relutou em aceitar observadores independentes. Por fim, admitiu uma missão da Unasul, que carrega o chavismo em seu DNA e não tem legitimidade para realizar a tarefa que a situação impõe. O veto a Jobim condiz com a lógica autoritária do regime e deve ser condenado. O que não se entende nem se justifica é o silêncio servil do governo brasileiro.

Pois é: o silêncio do governo brasileiro é o de um cúmplice, o de um companheiro que sabe muito bem que pode estar na mesma situação amanhã, e por isso não vai condenar abertamente a postura do aliado. Todo cuidado é pouco! Se depender do PT, nosso pleito será apenas uma encenação teatral para ludibriar ingênuos, os mesmos que acham que o problema é a “paranoia” de Bolsonaro, e não o próprio autoritarismo petista.

Rodrigo Constantino

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