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Chile e Brasil entre o socialismo e a prosperidade

Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal

Em 1970, Salvador Allende é eleito presidente do Chile, depois de ter concorrido e perdido as eleições de 1952, 1958 e 1964. Tão logo assume, Allende implanta o seu plano de governo chamado “Caminho Chileno para o Socialismo”, um ataque em larga escala contra a livre iniciativa, a propriedade privada, o estado de direito e o livre mercado.

O caminho para o socialismo de Allende consistia na velha prática antiliberal: nacionalização de empresas estrangeiras, estatização de empresas nacionais, do sistema de saúde, do sistema de educação, entre outras arbitrariedades.

Rapidamente, o Chile experimenta o colapso na produção econômica, a população se revolta, a agitação social toma conta do país, culminando numa gigantesca greve de caminhoneiros, o que desestabiliza de vez o governo de Allende, responsável único pela crise generalizada provocada por suas políticas irracionais.

O socialista Allende não precisou de muito tempo para destruir a estrutura produtiva chilena e levar o país à falta de bens e serviços indispensáveis para a população com o seu plano de caminhar em direção ao socialismo. O Chile, diferentemente da Venezuela, por exemplo, não possuía a maior reserva petrolífera do mundo, capaz de sustentar por tempo indeterminado todo tipo de insanidade que socialistas costumam adotar na condução de um país.

Em 1973, um dos integrantes do governo Allende, Gal. Pinochet, resolve dar um basta naquela loucura e não espera o fim do mandato do presidente. Pinochet lidera um golpe de estado para tomar o poder das mãos dos socialistas extremados, inclusive bombardeando o palácio presidencial onde Allende havia se refugiado.

Allende é morto tentando defender seu cargo, Pinochet inicia um governo revolucionário e passa a perseguir todos os políticos e intelectuais ligados ao governo Allende ou que tivessem apreço às ideias marxistas. Enquanto trata os esquerdistas com o rigor de um tirano totalitário, desconsiderando direitos individuais e o devido processo legal, Pinochet, por outro lado, no campo econômico, promove a libertação da população da tirania do estado.

A libertação se caracteriza pela adoção de políticas econômicas ditadas pelos “Chicago Boys”, chilenos que haviam estudado na famosa Escola de Economia da Universidade de Chicago, onde lecionavam intelectuais liberais, vários deles premiados com o prêmio Nobel, entre eles Milton Friedman.

Os chilenos, que haviam sido obrigados por Allende a percorrer o trágico caminho para o socialismo, com todos os males que sempre ocorrem quando o socialismo é colocado em prática, retomam suas vidas produtivas, aproveitam o ambiente de maior liberdade, resultado primeiro das políticas do governo, para construir em poucas décadas o país mais rico da América Latina.

São inúmeros os avanços experimentados pela população chilena, desde a desburocratização, a separação do governo da educação, a abertura total dos mercados de bens e serviços para o exterior com tarifas extremamente baixas, até a mais eloquente delas que é a adoção do regime de previdência individual através de contas particulares privadas cujos depósitos são beneficiados pelo sistema de capitalização continuada.

Do lado de cá dos Andes, os brasileiros vivem uma situação semelhante, mas de forma mais moderada. Em 1961, Jango, o nosso Allende, inicia também a construção do seu caminho para o socialismo, no que é interrompido em 1964 por um golpe de estado promovido por uma coalizão entre os militares e a sociedade civil.

Os militares assumem o poder prometendo devolvê-lo à sociedade civil em breve, o que obviamente não acontece. O presidente Mal. Castello Branco adota medidas liberalizantes na economia até que em 1967, numa reviravolta que leva ao poder militares com uma visão mais desenvolvimentista, eufemismo para estatismo em algo grau, estes resolvem impor uma política tão socialista quanto aquela que o golpe de 64 quis interromper.

Em 1984, desgastados com o fracasso, os militares devolvem o poder aos civis e a democracia é reinstituída no país. Em 1988, uma nova constituição é estabelecida para substituir a que havia sido outorgada pela militares em 1967, o que recoloca o país no caminho do socialismo.

O quadro de instabilidade econômica e depauperamento da população avança pelos 10 anos que se seguiram, caracterizados pelos vários planos chamados de heterodoxos, eufemismo para irracionais e autoritários, que foram sendo implantados sucessivamente, fazendo com que o país navegasse novamente em direção ao colapso.

Em meados dos anos 90, um último plano econômico conseguiu trazer um pouco de estabilidade ao recorrer a privatizações, à liberalização de alguns mercados e à responsabilização dos governantes por eventuais desequilíbrios fiscais em seus governos. Teria sido mais efetivo se o plano tivesse sido implantado de forma mais ampla, o que seria impraticável pela mentalidade dos governantes responsáveis por sua implantação.

O plano Real adotou medidas mais racionais do que os planos anteriores, mas sua implementação foi mitigada porque quem estava no governo não tinha a necessária convicção liberal para fazê-lo. Na realidade, quem liderou essa implantação foram políticos que faziam parte do grupo de intelectuais que acreditavam nas ideias e ideais marxistas e que inclusive auxiliaram Salvador Allende quando este assumiu o poder no Chile.

Mas foi em 2002, com a chegada ao poder dos imorais marxistas do PT, representados primeiro por Lula e depois, a partir de 2010, por Dilma, que as políticas intervencionistas que caracterizavam a construção dos caminhos da América Latina para o socialismo, foram sendo implantadas com maior intensidade até levarem o país novamente ao colapso.

A mais grave recessão que o Brasil vivenciou na sua história levou à ampla insatisfação da população com o governo, o que inclusive provocou a icônica greve generalizada de caminhoneiros em 2018, inconformados com a ação da estatal monopolista que elevava os preços dos combustíveis incessantemente.

A crise, que se estabeleceu com gravidade inédita a partir de 2014, começou a ser contida no momento em que Dilma foi alijada do poder de forma constitucional, sem golpes ou violência. Por mais que os petistas e seus aliados aleguem o contrário, foi isso que aconteceu.

Agora, em 2019, com a chegada de Bolsonaro no poder, a política econômica no Brasil será conduzida pela primeira vez nos últimos 50 e tantos anos por economistas que frequentaram a mesma escola daqueles que em 1973 trataram de colocar o Chile no caminho do desenvolvimento.

Os economistas do governo Bolsonaro, liderados pelo empresário Paulo Guedes, que estudou em Chicago, terão a incumbência de libertar os brasileiros da mão pesada do estado, entregando-os à benevolente mão invisível do mercado.

É o mercado, esse processo onde as pessoas interagem para satisfazer suas demandas sob uma ordem espontânea, que costuma ser muito mais racional e eficiente para tirar as pessoas da pobreza por permitir que elas assumam o controle do seu destino, oferecendo bens e produtos aos outros para poderem realizar seus sonhos e propósitos de vida.

Pinochet não deu tempo aos chilenos para que tirassem Allende do poder. Nós, brasileiros, tivemos a felicidade de tirar Dilma e o PT do poder sem violência e com o nosso próprio esforço.

E mais, tivemos a sorte de contar com valorosos membros do governo, entre eles policiais federais, membros do Ministério público e juízes, entre os quais se destaca Sergio Moro, que foram capazes de colocar Lula na cadeia junto com outros membros da sua organização criminosa.

Se há membros valorosos no governo, há também aqueles que usam o governo como meio para colocarem em prática seus desvarios ideológicos ou simplesmente defenderem sua mesquinhez corporativista, o que nos explica ser essa luta contra o coletivismo estatista uma atividade incessante.

Através do nosso processo democrático, que se não é uma maravilha é o que temos, colocamos no poder, apesar dos pesares, Jair Bolsonaro para acabar com o socialismo no Brasil, com as patifarias que vêm sendo praticadas em Brasília há tanto tempo.

Não apenas isso, mas também para liberalizar a economia, reduzindo a intervenção do governo nas nossas vidas, o que por si só já serviria para reduzir drasticamente a corrupção endêmica que é natural quando o governo e a economia não são separados como deveriam.

Agora que pudemos, a duras penas, tirar Lula, Dilma e o PT do poder, devemos seguir vigilantes fazendo o que já aprendemos: proteger e defender a nossa liberdade, porque se depender do governo, seremos sempre seus servos, vivendo como eternos escravos.

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