| Foto:
CARREGANDO :)

Chego no Rio. Primeira imagem que vejo: nossas favelas, contrastando com a civilização que deixei para trás. Primeira notícia que leio: NYT diz que nossas favelas são alternativa aos hotéis em falta na Copa. Eis parte da reportagem:

A escassez de leitos em hotéis no Rio fez explodir um nicho de mercado informal e alternativo: o de locação de quartos em casas de favelas. De acordo com reportagem publicada sábado pelo diário americano “The New York Times”, moradores da Rocinha e de outras favelas estariam pedindo US$ 50 pela diária durante a Copa do Mundo de futebol, no próximo ano. Além de certos confortos e um tratamento menos formal, eles têm a oferecer aos visitantes, muitas vezes, vistas de tirar o fôlego.

Publicidade

Na reportagem, Maria Clara dos Santos diz que está se preparando para receber mais de 10 pessoas em sua casa de três quartos na Rocinha. Ela diz só estar cobrando US$ 50 por noite devido ao cheiro de esgoto na sua rua e às barras de aço na janela:

Podemos oferecer humanidade e autenticidade que outros locais não podem.

É a esquerda caviar americana enaltecendo nossa pobreza, lá de longe, do conforto da civilização. Sempre essa  imagem inspirada em Rousseau, de que é na miséria que está a “autenticidade” e a “simplicidade” da vida, como se feliz fosse aquele que mora num barraco.

Pois é. Há quem goste (ou diga que goste) da vista linda e da “informalidade”, entre um tiroteio e outro, sob o controle de milícias ou traficantes. E há quem prefira aquilo que chamamos de civilização. Voltar dos Estados Unidos ou da Europa é sempre um choque. Por mais acostumados que estejamos, é sempre um choque.

E ainda temos que aturar a elite desses lugares elogiando nossa miséria. Dureza…

Publicidade