Clint Eastwood não é durão apenas nos filmes; quando resolve falar de política, ele não tem papas na língua. Todos lembram da cena do ator e diretor com uma cadeira vazia representando Obama, que foi questionado de uma maneira que a imprensa, que deveria ter esse papel, recusa-se a fazer.
Dessa vez o ator saiu em defesa de Donald Trump numa entrevista, uma vez mais contrariando a quase hegemonia de esquerda em Hollywood. Para Clint, Trump acerta em alguns pontos importantes, principalmente ao falar o que pensa. Para o ator, todos estão cansados dessa ditadura politicamente correta, ainda que de forma secreta, sem coragem de expressar o que pensam de verdade.
“Essa é uma geração puxa-saco em que estamos agora”, afirma sem rodeios, como de praxe. Uma “pussy generation”, diz ele, algo que poderia ser traduzido como “geração mulherzinha, afeminada, covarde”. Todos estão pisando em ovos, com cautela demais, preocupados em não ofender nada ou ninguém (a menos que seja um republicano conservador, claro). Ele define essa geração como aquela que diz “oh, você não pode fazer isso, não pode fazer aquilo, não pode dizer isso”. Diz ele:
Vemos pessoas acusando os outros de serem racistas e todos os tipos de coisas. Quando eu cresci, essas coisas não eram chamadas de racismo. E então quando eu fiz Gran Torino, meu parceiro disse: “Este é realmente um bom roteiro, mas é politicamente incorreto”. E eu disse: “Ótimo. Deixe-me lê-lo hoje à noite”. Na manhã seguinte, eu entrei e joguei-o em sua mesa e disse: “Vamos começar isso imediatamente”.
O mérito de Trump, portanto, seria dizer o que vai pela sua cabeça, sem tanto medo. De vez em quando ele diz besteiras, reconhece o ator, mas em outras ocasiões ele diz coisas importantes. Clint Eastwood afirma que não precisa concordar sempre para reconhecer de onde Trump vem e qual papel ele exerce com essa postura. Isso não quer dizer apoio à sua candidatura. O ator não conversou com Trump ainda, e não está endossando candidato algum por enquanto.
O que não o impede de admitir as vantagens de Trump mexer com esse politicamente correto, nesses “tristes tempos” em que vivemos. E quando a entrevistadora limita suas opções entre Trump e Hillary, ele confessa que iria de Trump, pois ela “declarou que vai seguir os passos de Obama”. Mas isso não quer dizer que esteja contente com essas alternativas. Todos seriam “entediantes”, como é entediante escutar “toda essa merda”. E não é mesmo?
Rodrigo Constantino