“Anseio ardentemente por aquela condição psíquica em que, livre de toda responsabilidade, sentirei a estupidez do mundo como um destino.” (Karl Kraus)
Um dos temas que mais me fascinam é o coletivismo. Já foi assunto de muito texto meu, e está em todos os livros que já publiquei também. O que leva alguém a aderir a um movimento coletivista qualquer, que busca anular o indivíduo? Somos, enquanto indivíduos, compostos por várias características: classe, sexo, cor, nacionalidade, credo religioso etc. O coletivista é aquele que pega uma dessas características e pronto: só ela importa. Ele só a enxerga, ignorando todo o resto. Negros ou brancos, ateus ou religiosos, mulher ou homem, hetero ou gay, rico ou pobre, e por aí vai.
Como expressão do coletivismo doentio temos o marxismo, o nacional-socialismo, os movimentos raciais, feministas e gays. Em todos eles, quem desaparece é o indivíduo, aquele de carne e osso, com características próprias, que pode ser negro e pobre, mas liberal, que pode ser mulher e atéia, mas conservadora. Tais complexidades não se encaixam nas definições simplistas desses coletivistas. Por isso eles querem matar a individualidade.
Foi o assunto da coluna de Luiz Felipe Pondé hoje na Folha. Recomendo. Abaixo, alguns trechos:
Imagino que, em cem anos, essa modinha será incluída no conjunto de psicopatologias da virada do século 20 para o 21, época que será vista pela sociologia do futuro como uma era de ressentidos e mimados: a mania por coletivos será classificada como ódio patológico à individualidade, suas responsabilidades e contradições.
Freud classificaria como um estágio da pulsão de morte, seguramente. Para o criador da psicanálise, a pulsão busca sempre uma posição regressiva. No caso da pulsão de morte, ela busca o “repouso na pedra”. Na matéria inorgânica.
No caso dos coletivos, ela busca o repouso na destruição do “eu”. Na dissolução do “eu” na manada.
Elias Canetti, intelectual judeu búlgaro que estudou as multidões (além do próprio Freud, claro), já apontava a dissolução do “eu” na manada, na “mancha” disforme da multidão. Há um prazer mórbido em se sentir parte de um coletivo: a morte do sujeito moderno, esse atormentado.
O fenômeno dos coletivos é um traço regressivo no embate com a solidão do homem moderno. É uma tentativa, canhestra e primitiva, de “voltar ao útero materno” para ver se o ruído insuportável da realidade disforme do mundo se dissolve porque grito palavras de ordem ou faço coisas pelas quais eu mesmo não sou responsabilizado, mas o “coletivo”, essa “pessoa” indiferenciada que não existe.
Pondé cita, ainda, Michael Oakeshott, um filósofo conservador que previu o surgimento de movimentos anti-indivíduos. Anular o indivíduo é o objetivo de todo aquele que não suporta, no fundo, as diferenças, e nem a si próprio. Diluir-se numa massa amorfa é a forma que encontra para sumir, para apagar suas angústias, para se eximir da responsabilidade de pensar por conta própria, de agir com o fardo da responsabilidade pelos atos escolhidos.
Quando observamos esses “coletivos” tomando conta de universidades, fica evidente a baixa autoestima de seus membros, sua covardia, sua busca desesperada por conforto no “sentimento oceânico” do “todo”, tudo para ocultar seu verdadeiro nada, sua individualidade desprovida de qualidades genuínas. O coletivista é um invejoso, um ressentido que detesta o indivíduo, pois se odeia também.
Rodrigo Constantino
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