Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal
Não posso deixar de dividir com os leitores do IL minha satisfação com o julgamento do recurso do ex-presidente, mandatário, monarca extra-oficial do Brasil e baluarte da baixeza atrevida Luiz Inácio Lula da Silva, no TRF-4 que, pelo placar unânime de 3 x 0, confirmou a sentença contra ele em segunda instância e aumentou sua pena para doze anos.
Cresci assistindo a esse senhor transitar da quase unanimidade nacional à execração, depois do processo de devastação do país que comandou. Desde que me entendo por cidadão minimamente consciente, não me recordo de um Brasil em que sua figura não tenha sido protagonista. Desde o começo, porém, um protagonista infame, imoral e inescrupuloso, cuja única proposta é estabelecer um império criminoso do bolivarianismo na América Latina sob patrocínio da cleptocracia lulopetista brasileira.
Tivemos um lamentável histórico de larápios e populistas que conseguiram escapar das teias da justiça humana – um deles, inclusive, um ditador que não sofreu qualquer castigo pela sua tirania e, pela via do suicídio, imortalizou-se como falso herói, deixando seus apaniguados e herdeiros em posição privilegiada para se manterem no poder. Desta vez, a história há de ser diferente e o Brasil decente há de triunfar.
Neste capítulo de decadência de sua aventura maligna – e glorioso para a sociedade brasileira em seu esforço por fazer com que a lei, nada mais do que a lei, seja para todos -, Lula teve seu estilo político perfeitamente diagnosticado pelos desembargadores, ainda que seu mérito fosse a questão específica do tríplex e não toda a abrangência do assalto lulopetista à pátria.
Leandro Paulsen, por exemplo, asseverou que “a eleição e assunção ao cargo não põem o eleito acima do bem e do mal, não lhe permitem buscar fins nem agir por meios que não sejam os legais”. Justíssimo. Porém, o que mais nos chamou a atenção foi a declaração do desembargador Victor Luiz dos Santos Laus:
“Sua Excelência (Lula), em algum momento, perdeu o rumo, passou a confundir suas atribuições de primeiro mandatário talvez com aquelas que no passado lhe conferiam as de presidente partidário”.
Em primeiro lugar, importa deixar claro que, em verdade, Lula não “perdeu rumo” nenhum. Esta é a sua natureza e a de seus próceres, sem que tenha havido qualquer desvio. Sua substância corrupta e totalitária é-lhes inerente ao projeto que desenvolveram e implantaram. Contudo, Laus tem toda razão ao frisar que Lula e sua gente nunca pretenderam representar a nacionalidade. O partido, os “movimentos sociais”, o “exército da estrela vermelha”, são o único “povo” que verdadeiramente importa, não o brasileiro. Essa separação nunca entrou na cabeça do ex-presidente.
Felicitei-me em recordar um dos primeiríssimos artigos que publiquei neste Instituto Liberal, na tentativa de participar, de alguma forma, ainda que modesta, desses esforços por construir um Brasil melhor e arejar as ideias circulantes. O título era justamente “A estrela na lapela”, no não tão distante 2014. De lá para cá, nada mudou nesse aspecto, a ponto de o mesmo conceito aparecer hoje no julgamento.
Contei naquele texto algo que li no livro 18 dias, de autoria de Matias Spektor. Relembro: “O que nos interessa é um fato curioso que Spektor afirma ter acontecido na reunião da equipe diplomática da presidência dos EUA. Bush teria se virado para o assessor de assuntos latino-americanos, John Maisto, e indagado: ‘E aquela estrela vermelha? Você viu aquilo na lapela dele (de Lula)?’, perguntou o presidente a Maisto. ‘É o emblema do partido’, respondeu o assessor. ‘Eu sei que é o emblema do partido!’, exclamou Bush. ‘Mas agora ele é o presidente do Brasil, não do partido’.”
A percepção algo óbvia de Bush, para Lula e os petistas, longe está da obviedade – e nisso reside a nossa tragédia. Disse à época, e tomo a liberdade de repetir: “A estrela vermelha na lapela é um detalhe muito pequeno? Podemos concordar em responder afirmativamente. Mas insignificante? Jamais. Pouco importa o que achemos de Bush, o questionamento que ele fez é provavelmente a mais perfeita síntese da confusão original de nossa esquerda mais canhota (…).
Eles não são capazes de distinguir seu partido, seu grupo, seu ‘coletivo’, da nação – ou melhor, da sociedade. Não compreendem a diversidade do povo, não a toleram, não concebem a discussão e a divergência de opiniões. A sociedade é o partido, a sociedade é a ideologia – e por esse símbolo de um sonho irrealizável, instrumentalizado pela corrupção e pelos interesses pessoais das lideranças, mas nutrido sinceramente pelos ‘idiotas úteis’, tudo vale. Mais por ele que pela bandeira nacional.”
Continua valendo tudo. Agora, Guilherme Boulos grasna ao microfone que seu pessoal vai “incendiar” e “ir para cima” se “pensarem em colocar um dedo” no condenado pela justiça. Gleisi Hoffman fala em ser necessário “matar gente” para prendê-lo. José Dirceu, em substituir palavra por revolta nas ruas. Emídio de Souza, tesoureiro do PT, em pressionar a justiça para que ela, por medo, seja “comedida”. As coisas só pioraram na retórica agora que, desprovidos do controle direto do Executivo e prestes a ver seu último grande símbolo retirado de cena, eles estão ganindo de desespero e querem fazer o cidadão de bem de refém.
Como eles dizem, não passarão. A justiça não foi “comedida”. A lei se impõe. A estrela na lapela está agora condenada – condenada pela lei, condenada pela História. Porém, quanto a esta última condenação, ainda cabe recurso relevante. Quem controlar a narrativa terá a vitória. Por isso, enquanto celebramos o grande triunfo deste 24 de janeiro, precisamos lembrar que ainda temos muito trabalho pela frente. Primeiro, para desfraldar a bandeira dos fatos e não cessar de dizer quem realmente é Luiz Inácio Lula da Silva. Enfatizo: o vilão não pode ser lembrado como herói, como outros o foram. Para cada livro que escreverem difundindo a mentira, precisamos escrever muitos mais documentando a verdade.
Segundo, para demonstrar, pela renovação de mentalidade e de práticas, as qualidades da alternativa que oferecemos para o Brasil. Como concluí naquele artigo, “Bush poderia ter visto apenas uma estrela na lapela. Viu mais, decerto sem saber; viu um símbolo profético de um futuro cujo peso sentimos agora. Mais do que tirar a estrela da lapela, hoje é preciso cortar o elo que a mescla criminosamente com o Estado e, principalmente, com o monopólio de toda a virtude”.
Lula, se não acrescentar novo capítulo à sua vergonha fugindo para algum país chefiado por alguma ditadura camarada, irá para a cadeia. A batalha política e simbólica não há de cessar. Porém, agora estamos aqui. Impedimos, com o impeachment de Dilma, que o Brasil se transformasse em uma ditadura como a Venezuela. Não nos esqueçamos do poder que nós temos – essa é a lição mais importante que tiramos no dia de hoje e devemos, cada um de nós, levar para o resto da vida.
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