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Com que cara (de pau) vem a extrema-esquerda em 2018?

Os ventos de mudança sopram forte em nosso país, apontando pela primeira vez em muito tempo para a direita. Movimentos liberais e conservadores ganham cada vez mais espaço, nas redes sociais, na mídia, na política e até nas universidades, como uma reação saudável a décadas de hegemonia esquerdista. A crise causada pelo PT tem muito a ver com isso, assim como o esforço heroico de alguns formadores de opinião, aproveitando o novo instrumento disponível: a internet.

Mas claro que o esquerdismo não pode ser decretado morto no Brasil, nem mesmo em sua versão extremada. A ignorância política ainda é muito grande em nosso país, assim como a miséria, o que garante o espaço cativo dos socialistas, que contam com um exército de “intelectuais” abusando da doutrinação ideológica nas universidades e ocupando redações de jornais. A extrema-esquerda está em decadência, mas ainda vive, e certamente terá um ou mais representantes disputando a presidência em 2018.

Três nomes se destacam por enquanto: o próprio Lula, que estaria mais preocupado com a narrativa de vítima perseguida para salvar a própria pele; Ciro Gomes, uma espécie de caudilho nordestino que parece sempre circular em torno do poder; e Marina Silva, aquela que desaparece em momentos de crise para ressurgir como “novidade” depois, encantando a elite culpada que adora uma visão romântica de mundo.

O editor Carlos Andreazza, em sua coluna de hoje, trata justamente desse assunto, resumindo o que está em jogo para cada um dos três nomes mais à esquerda, lembrando que os tucanos também são de esquerda, mas de uma bem mais moderada e civilizada, que abandonou as utopias revolucionárias faz algum tempo (nem todos, eu sei, mas a maioria sim). Diz Andreazza:

Se não é improvável que Lula seja condenado em primeira instância ainda neste ano, apostam os seus em que conseguirá chegar ao período eleitoral sem condenação em segunda instância — aquela que o impediria de se candidatar. É minha aposta também.

Uma vez formalmente candidato, chefe de um projeto de poder sem precedentes, que capturou o Estado para os interesses político-econômicos de um partido, será, portanto, o maior beneficiário do discurso corrente que iguala crimes e criminosos — e não terá dificuldade em reunir seus tradicionais 25%, talvez até 30%, capazes de o colocarem no segundo turno. Não é posição de alguém a ser subestimado. Dificilmente, contudo, irá além. É fortemente rejeitado — indicativo de pouca força para aglutinar.

Se, porém, voltar à Presidência, será a primeira vez na história deste país que o mais alto cargo da República foi conquistado como alternativa ao cárcere.

[…]

Ciro Gomes faz, portanto, correta aposta no imponderável — a única que lhe é possível. A ausência de Lula — como candidato ou eleitor influente — em uma disputa à Presidência representaria, mais do que novidade, o desconhecido. Como se comportaria o eleitor de esquerda, aquele há décadas acostumado a afundar (o dedo) no 13? Ciro joga suas fichas em que seria o depositário pragmático dos votos viúvos do ex-presidente — ao menos em volume capaz de alçá-lo a um segundo turno.

[…]

É precária a linha moral que aparta o homem público independente do covarde; o prudente do oportunista. O silêncio que sugere a monja é o mesmo que ilumina o omisso. Falo de Marina Silva. Seu único trunfo, manjado, decorre da combinação entre a espantosa capacidade de desaparecer em momentos críticos, como que para se colocar mesmo acima da atividade política, e o consequente reinvestimento no discurso da não-política, ora valorizado por tampouco estar entre os citados nas delações da Odebrecht. Ninguém se lembrará de suas relações com os governos petistas no Acre, nem se aprofundará em investigar se é possível ser tão puro quem se associou a Eduardo Campos em 2014 e lhe herdou o lugar.

A boa análise de Andreazza mostra bem como falta à extrema-esquerda um novo nome, alguma liderança capaz de reorganizar os cacos destroçados pelo governo petista. E não é por menos: como esperar alguma coisa nova de uma ideologia tão carcomida, ultrapassada, fora de moda? A extrema-esquerda não soube se renovar porque se sustenta sobre bases completamente superadas.

Mas ela não pode ser jamais subestimada, especialmente no Brasil, onde a estupidez tem um passado glorioso e um futuro promissor. A própria ausência de novos nomes demonstra a decadência dessa esquerda radical, mas são nomes que ainda seduzem eleitores. Se unidos, seriam uma alternativa de peso na disputa, o que comprova que a batalha pela renovação de ideias no Brasil está muito longe de vencida pela direita.

Sabemos muito bem que poucos conseguem ligar causa e efeito na política e na economia, e por isso muitos estariam dispostos a votar novamente no mesmo projeto com “nova” embalagem. Com que cara (de pau) a extrema-esquerda vem em 2018 ainda não sabemos, mas podemos esperar que terá sua parcela expressiva de votos. Infelizmente, o socialismo não foi derrotado em nosso país como ideologia ainda. A luta pelo bom senso continua…

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

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