Caro leitor, faltam poucas horas para o término de 2018 e o começo de 2019. Sei que o tempo é um fluxo contínuo e que todas essas datas são puras convenções. Mas as convenções têm seu enorme valor, e o fim de um ano marca um bom momento para reflexões sobre o presente, o passado e o futuro. Ainda mais quando essa data traz também o fim de um ciclo político e o começo de uma nova gestão (não direi era, como os mais otimistas).
Paulo Guedes tem repetido ad nauseam que o Brasil ficou preso numa armadilha de baixo crescimento por conta da social-democracia. Ele está coberto de razão. E ao ter esse diagnóstico correto, aumenta muito a chance de uma receita acurada. O choque de liberalismo que o futuro ministro pretende dar em nossa economia é, de fato, a coisa de que mais precisamos no momento. Foram décadas e décadas de protecionismo, intervencionismo, dirigismo estatal, e esse é o principal motivo de nossos problemas econômicos e sociais.
Os conceitos de esquerda e direita, que alguns consideram ultrapassados, tiveram origem na França dos jacobinos e girondinos, e tinha a ver com onde cada bancada sentava. Com o tempo, os termos foram adquirindo contornos mais definidos e, ainda que com alguma elasticidade, denotam visões de mundo bem distintas.
A esquerda quer mais estado, via de regra, acredita em “justiça social”, ou seja, no arbítrio do governante para tirar de uns e distribuir a outros, costuma adotar visão mais romântica e ingênua da natureza humana, e foca mais nas desigualdades de resultado do que na liberdade individual. Os “progressistas” modernos, mergulhados nas políticas de identidade, enxergam o mundo de forma coletivista e, para desafiar todos os tabus e tradições, têm endossado pautas bastante bizarras.
Em italiano, esquerda é “sinistra”, e direito, como o nome já diz, é o certo. Coincidência, claro, mas não deixa de ser uma bem interessante. Vários autores usaram esse aspecto para vender o peixe liberal-conservador. “How to be right”, de Greg Gutfeld; “The right side of History”, que Ben Shapiro vai lançar em breve; “Do the right thing”, de Walter Williams; apenas para dar alguns exemplos entre vários. Fazer a coisa certa, aquilo que é direito, para evitar o lado sinistro, eis o que significa endireitar um país que está totalmente torto, apontando para o abismo à esquerda.
A metáfora vem bem a calhar: vivemos tempo demais sob a hegemonia esquerdista na mídia, nas escolas e universidades, na política. O enorme custo disso pode ser medido não apenas em nossa miséria e até nas desigualdades sociais, supostamente foco dos esquerdistas, como nas milhares de vidas perdidas todos os anos. Nada disso terá solução milagrosa. Nada disso será revertido da noite para o dia. Mas uma longa jornada começa com apenas um passo. E é bom que esse passo seja na direção certa.
Desejo aos leitores que comecem – e terminem – o ano de 2019 com o pé direito. A alternativa é usar o pé esquerdo, ou seja, dar um passo errado, insistir no rumo que nos trouxe até aqui, numa nação que só mesmo sendo muito patriota para continuar amando, já que orgulho sincero é difícil de ter. Vamos mudar isso. Vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro, que deve estar calcado em fatos, em conquistas reais, não imaginárias, em resultados concretos, não em retórica estética e vazia como querem ufanistas.
Se o Brasil quer realmente despertar do sono profundo e mostrar que pode ser o gigante do futuro, então é necessário dar o primeiro passo, usando o pé direito, claro. Durante esses anos todos fomos como o Saci Pererê, outra metáfora de Paulo Guedes, sempre pulando num pé só, o esquerdo. Passou da hora de mudar isso, de dar uma guinada de 180 graus e apontar finalmente para o lado direito, o lado certo. Menos Brasília e mais Brasil. Um feliz 2019!
Rodrigo Constantino
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