O nível dos “debates” caiu muito hoje em dia, em parte pelo avanço das redes sociais, em parte pela tática da própria esquerda pós-moderna, que procura intimidar o adversário e bancar a vítima em vez de focar em argumentos racionais. Mas ainda é possível travar debates honestos e enriquecedores, que não precisam ter um vencedor, pois todos saem vencendo na busca pela verdade.
Foi o que vimos nesta quarta no Rubin Report, programa de Dave Rubin, um ex-esquerdista gay que se tornou um liberal clássico. Rubin entrevista várias pessoas com perfis diferentes em seu show, e tem uma característica rara no jornalismo atual: ele realmente quer escutar o entrevistado, entender seu ponto de vista, aprender com ele. E, para tanto, precisa fazer perguntas diretas, sem rodeios.
Quando no lado dos convidados se tem dois gigantes como Jordan Peterson e Ben Shapiro, não há o menor risco de dar errado. E, de fato, foram mais de uma hora e meia de muita informação, muito conhecimento, muito respeito pela verdade, muita honestidade intelectual. Recomendo a todos que invistam esse tempo, apesar de reconhecer que, sem o domínio fluente do inglês, ficará impossível entender o Shapiro: ele fala mais rápido do que eu!
Os temas foram variados, passando por religião, filosofia, política e muito mais. Rubin frisou que a esquerda radical, com sua política de identidade e sua tática de demonizar como “fascista” todo aquele que não aceita jogar o jogo politicamente correto, acabou por unir gente tão diferente como eles, e fazer com que pessoas tímidas saíssem da toca, manifestassem suas opiniões, como uma reação ao ambiente asfixiante atual.
Concordo 100% com esse diagnóstico, e nisso, ao menos, podemos ser gratos aos esquerdistas. Sem eles não teríamos figuras como Jordan Peterson se tornando tão populares, e levando uma visão conservadora de mundo, refinada e elegante, para milhões de leitores e ouvintes. Shapiro admitiu que muitos chegam a eles por conta de polêmicas banais, como foi com a entrevista de Peterson ao Channel 4 britânico, que se tornou viral. E depois aprendem sobre religião, costumes, valores morais etc. Uma coisa puxa a outra.
É consenso no trio que a política identitária está destruindo a esquerda e o debate civilizado, pois o sujeito se protege atrás de sua “identidade”, bancando a vítima, e se recusa a considerar os argumentos por si só. Se você é um homem branco “privilegiado”, não pode falar sobre aborto, sobre racismo, sobre pobreza, sobre estupro, sobre nada! Deve se calar e aceitar a pecha de “culpado”, ponto. Quando alguns se recusam a se curvar diante dessa intimidação, destacam-se e causam desespero nos meios esquerdistas.
A política identitária, porém, não é exclusividade da esquerda, e ocorre uma reação à direita, na alt-right e entre os que pregam a “supremacia branca”. Como alerta Peterson, não era razoável achar que essa turma fosse ignorar para sempre a estratégia da esquerda. Se o jogo é a política de identidade, eles vão jogar o mesmo jogo, e isso será péssimo para todos. O coletivismo tribal é rechaçado em ambos os lados, e é no mínimo curioso que quem diz isso é justamente acusado de ser um “nazista” pela esquerda.
Assistir a um debate desse nível, e saber que foi visto por centenas de milhares de pessoas, alimenta nossa esperança no mundo, num futuro melhor. E torna evidente o motivo do pânico da esquerda, que tenta de todo jeito impedir esse tipo de conversa construtiva. Não vemos nada parecido na televisão aberta, ou na esquerda. Só mesmo a internet para nos oferecer um produto com tanta qualidade. Não percam!
Rodrigo Constantino
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