A esquerda tem batido o bumbo sobre um novo livro na praça. Trata-se de How democracies die, escrito sob medida para detonar Trump. Sim, mais um esforço da esquerda em demonizar o presidente republicano que vem declarando guerra ao poderoso establishment. O livro foi tema da coluna do esquerdista Celso Rocha de Barros na Folha. Uso seu texto para ilustrar como esquerda se tornou sinônimo de inversão da realidade. Vou rebater os parágrafos para expor a ideologia do autor:
Acaba de sair um livraço dos cientistas políticos de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, “How Democracies Die” (“Como as Democracias Morrem”). É a melhor análise publicada até agora sobre o risco que a eleição de Donald Trump representa para a democracia norte-americana.
É a melhor análise? Não. Na verdade, trata-se de torcida partidária, como tudo que vem sendo produzido pela esquerda americana, especialmente pela mídia. O fato de os autores serem de Harvard apenas reforça isso, apesar de dar um verniz de sabedoria: Harvard se transformou num grande reduto de socialistas. A democracia americana corria mais perigo com Obama, e certamente com uma eventual vitória de Hillary Clinton, a mais desonesta candidata a concorrer pela vaga. O uso que o Partido Democrata fez da máquina estatal para perseguir adversários diz tudo, e o recente caso do FBI mostra bem o risco que a democracia corria antes. É assim que as democracias morrem…
Como candidato, Trump apresentou exatamente o mesmo perfil de aspirante a autocrata identificado por Levitsky em outros casos de subversão da democracia, como a Venezuela, a Hungria ou a Turquia. Mas as instituições americanas não seriam mais resistentes ao autoritarismo do que as turcas, húngaras ou venezuelanas?
Que estranho o autor incluir a Venezuela na lista e sequer lembrar de que se trata de um regime socialista, defendido pelo PSOL e pelo PT de Lula, o mesmo que ele vive a defender em seu espaço no jornal. Trump seria, logo ele, um ícone do modelo venezuelano agora?! Não é Trump que quer enfrentar Maduro com firmeza, enquanto a esquerda latino-americana prefere defendê-lo?
A Constituição (até por ser muito curta) deixa ampla margem para manipulação das regras do jogo: o número de membros da Suprema Corte, por exemplo, não é constitucionalmente determinado, o que abre a possibilidade de um governo ampliar o número de membros e encher a corte de aliados.
Vejam só que coisa curiosa e engraçada: isso é verdade, e sabem quem foi o presidente que tentou justamente enterrar as restrições constitucionais com o aumento de juízes da Suprema Corte? Roosevelt, adorado pela esquerda, democrata, que desrespeitou várias outras limitações constitucionais, prendeu comerciantes que reduziram preços, usou a máquina estatal como locomotiva do progresso, atrasando a recuperação econômica por mais de uma década.
Trump? Não, ele apenas indicou um “originalista” para a Suprema Corte, ou seja, um juiz que acredita na importância do que consta na Constituição, enquanto a esquerda de Obama acredita num “documento vivo”, na “evolução” da Carta Magna, mesmo sem ter de passar pelo crivo constitucional para mudá-la por meio de emendas. Eles pregam o ativismo judicial para reinterpretar a letra da lei em nome de sua “justiça social”. É assim que se mata uma democracia…
A mídia conservadora e parlamentares republicanos trataram Obama como um traidor socialista muçulmano, um falso americano, em evidente violação da norma de tolerância mútua.
Bem, Obama é um socialista com clara simpatia pelo Islã, e não demonstra ser patriota. Ao contrário: acha que a América é tão especial quanto a Grécia ou a Itália ou qualquer outro país. Mas falar em violação da norma de tolerância mútua para atacar Trump é mesmo uma piada de mau gosto: o homem é alvo da maior campanha difamatória e intolerante da história! Ele foi demonizado pela mídia e pela esquerda, e continua sendo, apesar de vários acertos, de resultados decentes. A prova está no próprio texto do autor.
E a direita americana utilizou seu poder institucional em flagrante desrespeito à norma do autocontrole. Por exemplo, no último ano do mantado de Obama, o juiz conservador Anthony Scalia morreu, abrindo uma vaga na Suprema Corte. Violando todo o precedente e a norma do autrocontrole, os republicanos se recusaram a aprovar o indicado por Obama, preferindo esperar que Trump escolhesse outra pessoa.
Na verdade, quem violou a tradição foi Obama, que não deveria ter indicado um novo nome faltando tão pouco para terminar seu governo. Trump, como já disse, indicou para o lugar de Scalia o respeitado Neil Gorsuch, enquanto Obama queria um “ativista” alinhado ao credo “progressista”, que colocasse as bandeiras ideológicas acima da própria Constituição da qual a Suprema Corte deve ser a guardiã. É assim que se mata a democracia…
Há muito mais no livro, e seria bom se ele fosse publicado em português. Afinal, não podemos dizer que a democracia brasileira viva seu melhor momento, e, em várias passagens, a história parece muito mais familiar ao leitor brasileiro do que seria desejável.
Para o autor, a democracia brasileira vivia um momento melhor quando tinha no poder uma quadrilha liderada por Lula, com mensalão, petrolão e todos os demais esquemas que já vieram à tona. Para o autor, a democracia brasileira era mais sólida quando o PT tentava comprar o Congresso, calar a mídia e aparelhar toda a máquina estatal. Para o autor, a democracia brasileira era mais saudável quando tinha no comando um sócio do Foro de SP, o mesmo que colocou Chávez e Maduro no poder na Venezuela.
Celso Rocha de Barros é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford. Tem “pedigree” acadêmico, como os autores do livro por ele citado. Hoje em dia isso quer dizer muito pouco, quase nada, talvez até ponto negativo, especialmente se for na área de Humanas. O lamentável fato é que essa turma abandonou faz tempo qualquer vestígio de honestidade intelectual. Sua paixão ideológica fala bem mais alto. A esquerda com viés fascista grita “fascista” sempre que se depara com alguém que não é socialista. E é assim que as democracias morrem…
Rodrigo Constantino
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