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Como foi o painel dos presidenciáveis no Fórum da Liberdade
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Por Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal

O Fórum Liberdade de 2018 realizou esta semana, 9 de abril, um painel com os principais presidenciáveis. Os pré-candidatos puderam expor livremente seus projetos e responderam algumas perguntas. Não foi um debate entre os candidatos; nem sequer era permitido manifestações da plateia – exceto para aplausos – e era contra as regras os políticos se atacarem diretamente.

Faço um resumo da exposição de cada candidato, na ordem de suas apresentações, com base no que comentei em meu Twitter durante o evento.

João Amoedo (Novo): criticou o foro privilegiado, a falta de resolução dos homicídios, a burocracia, a falta de liberdade econômica no Brasil e o desequilíbrio fiscal. Criticou, ainda, o modelo de Estado brasileiro que distribui privilégios para quem menos precisa, citando o BNDES.

Atacou as narrativas do PT, como a de que o impeachment tenha sido um golpe, a Venezuela ser uma democracia e Lula ter sido condenado sem provas. Propôs ainda, na segurança, a revogação do Estatuto do Desarmamento,  a reforma do Código Penal e Processo Penal, criticando o baixo percentual de resolução dos homicídios como fator de impunidade. Defendeu, também, a autonomia do Banco Central, a Reforma Tributária e Previdenciária. Elogiou o modelo de vouchers, como o Bolsa Família (voucher alimentício), em que o Estado garante acesso aos mais pobres, mas sem ser gestor.

Ao ser indagado pelo mediador sobre coligações, Amoedo afirmou não ver, por enquanto, a possibilidade de coligação em 2018 com nenhum partido. “O Novo jamais fará coligações por tempo de TV. Quando ocorrerem, serão sempre ideológicas”.

Finalizou sentenciando que “o Brasil não precisa de Estado grande porque é pobre; é pobre justamente por ter estado grande”.

Henrique Meirelles (MDB): Lembrou de sua trajetória pessoal, especialmente quando presidiu o Banco Central e superou a escalada inflacionária entre 2003 e 2005.

Falou da gravidade da recessão de 2014-16 que, à frente do Ministério da Fazenda, conseguiu superar. “O país enfrentou esse problema cortando na carne”.

Defendeu seu legado no Ministério da Fazenda: PEC do Teto dos gastos públicos, renegociação de dívida dos Estados, a queda da inflação e dos juros a taxas históricas. Defendeu, ainda, legados do governo Temer, como a Reforma Trabalhista e a Reforma do Ensino Médio.

Questionado sobre não ter tido experiência na administração pública à frente de um cargo eleito por voto majoritário, afirmou que acredita que, em vez de desvantagem, isso pode ser uma vantagem e que possui experiência tanto na gestão pública quanto privada.

Meirelles criticou a burocracia para empreender; falou da necessidade de realizar medidas que melhorem a produtividade do país e prometeu: “O próximo governo terá condições de conduzir reformas!”.

Flávio Rocha (PRB): defendeu o capitalismo como “o melhor sistema de geração de riqueza e superação da pobreza” existente. Falou do projeto Pró-Sertão de sua empresa, a Riachuelo. Lembrou o fato de o Brasil ser um dos países mais hostis ao empreendedorismo e à geração de riqueza.

Chamou, ainda, o Brasil de “República Sindicalista”, em que todos querem ser carregados pela carruagem sustentada pelos outros: “Temos um conflito entre quem puxa a carruagem e quem faz questão de ser carregado por ela”.

Atacou os monopólios estatais, a alta carga tributária e o desequilíbrio fiscal. “A esquerda quer, na economia, a socialização da riqueza; nos valores, a socialização da culpa”. Preocupou-se em evidenciar que o debate econômico é fundamental e que é preciso apresentar um projeto para “libertar a economia”, mas também precisamos de um projeto de indignação, que questione a inversão dos valores na sociedade que, segundo ele, causam criminalidade e corrupção.

Ciro Gomes (PDT): ciente de estar em uma plateia majoritariamente contrária a suas ideias, iniciou sua fala defendendo a pluralidade de ideias para superar a crise institucional brasileira.

Afirmou que “a iniciativa privada já provou como ajuda o desenvolvimento econômico”, mas, em seu entender, ela “não é suficiente sozinha para equalizar os problemas sociais”.

Lembrou dos mais de 60 mil homicídios e da falta de resolução de crimes como fator de impunidade do caos na segurança pública que o Brasil vive.

Expôs que há mais brasileiros na informalidade que na formalidade e que isso desequilibra a previdência e a arrecadação tributária – sem, contudo, ser enfático em ser a favor ou não da Reforma Previdenciária.

Assertiva que define bem seu comportamento no discurso: “Nenhuma nação no mundo ascendeu sem convergência entre um Estado empoderado e um empresariado atuante de acordo com os interesses da nação”. Ciro não se intimidou com uma plateia majoritariamente liberal.

Demonstrou ainda preocupação com o nível de endividamento das famílias e das empresas. “O próximo presidente enfrentará grave crise fiscal a partir de 2019”.

Afirmou que, no ano passado, mais da metade da despesa pública foi destinada a juros, amortização e rolagem. Esse dado, no entanto, é FALSO: segundo o Relatório Anual da Dívida, o custo médio dessa emissão foi de 9,69% em 2017.

Ciro burlou um pouco a regra do debate ao insinuar que João Amoedo é inexperiente em gestão pública e que para governar é inevitável fazer coligações. Do contrário, logo o Congresso gritará “Fora Amoedo”.

Encerrou afirmando que “Não precisamos de estado nem grande, nem pequeno, mas necessário”.

Marina Silva (Rede): Iniciou seu discurso dizendo que temos um país em profunda crise econômica, social, política e de valores. Defendeu a necessidade de diversificar a economia brasileira para nos protegermos de crises.

Elogiou o Bolsa Família, que representa um gasto de 0,5% do PIB; ao passo em que o Bolsa Empresário, 5%. “Os valores estão invertidos”, sentenciou.

Marina criticou o ambiente de embate que tem permeado a política nacional e que tirou a paz dos brasileiros, que “não podem mais sequer conversar em paz no almoço de domingo”. Ao dizer que “quero ganhar, mas não vale tudo para vencer”, Marina não citou, mas claramente estava atacando a campanha difamatória que sofreu por parte do PT em 2014.

Defendeu o fim do foro privilegiado e criticou quem se esconde por detrás dele. “E o Aécio? E o Renan?” Sustentou a prisão em 2ª instância como forma de combater a impunidade.

Questionada, disse ser falso o discurso de que ela se omite do debate público, que ela sempre se posiciona, mas que não recebe da mídia a mesma atenção dada a outros partidos como PT, PSDB e MDB. Outra frase forte exposta foi “meu problema não é governar, é ganhar. Governarei com os melhores de todos os outros partidos”, lembrando falas próprias em 2010 e em 2014.

Geraldo Alckmin (PSDB): Afirmou que o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo em boa parte do século XX, mas que “paramos de crescer com um governo ineficiente, cartorial, com baixa capacidade de investimento, péssima infraestrutura e que o brasileiro trabalha ainda 5 meses para sustentar isso”.

Se eleito, prometeu uma agenda de reformas em busca de crescimento sustentável, o que só é possível com “uma agenda de produtividade e competitividade”. Foi o único que defendeu uma reforma política, explicando que, perante nossa fragmentação partidária, qualquer governabilidade é prejudicada; argumentou para tanto o voto distrital misto.

Sustentou a necessidade de uma Reforma Tributária que simplifique o modelo de arrecadação em apenas 5 tributos; citou estudo de que, se realizada, o Brasil pode ter crescimento do PIB entre 1% a 2% nos 12 a 15 anos seguintes.

Defendeu um “regime geral de previdência social público e privado”, além de uma reforma de Estado, citando várias vezes que “temos 150 estatais” – contrastando com o Alckmin da campanha de 2006.

Argumentou que para melhorar a infraestrutura nacional precisamos de Parcerias Público Privadas e Concessões, citando exemplos do que fez ao governar São Paulo.

Na área da segurança, advogou por tecnologia e ação diplomática com os países vizinhos, de onde boa parte da droga entra no país. “Polícia é ação no território”. Não defendeu mudanças no Estatuto do Desarmamento e nem na política de regulamentação de drogas.

Alckmin se destacou ao defender abertura comercial: “Para nos tornarmos mais  produtivos, precisamos nos abrir ao comércio exterior. Somos a 7ª economia do mundo, mas apenas a 25ª em importação. Precisamos de acordos comerciais. Nos aproximarmos da União Europeia e dos países do pacífico.”

O tucano endossou a fala de Ciro Gomes de que a bomba fiscal na União vai estourar em 2019 e mostrou números dos superávits fiscais em São Paulo. “Estou preparado”.

Breves comentários sobre as exposições dos presidenciáveis:

João Amoedo: muito propositivo, demonstrou ter o plano de governo mais bem desenhado até aqui com pautas em diversas áreas; é um candidato franco-atirador, que pode crescer, mas, em sua fala, pareceu um pouco ansioso.

Henrique Meirelles: Focou muito em seu grande legado econômico, mas precisa diversificar seu discurso para outras áreas; negligenciou pautas importantes e demandadas pelos eleitores, como segurança pública. Defendeu o legado da presidência de Michel Temer.

Flávio Rocha: Por ter acabado de entrar na corrida presidencial, veio com um discurso muito centrado em se apresentar ao eleitorado; assim, sobrou pouco tempo para falar objetivamente de propostas; remeteu-se muito ao PT; atacar Antônio Gramsci, contudo, pode agradar um pequeno nicho eleitoral, mas o grande eleitorado nem sequer sabe o que é isso.

Ciro Gomes: Divagou muito, sendo pouco objetivo; seu discurso foi mais centrado (no sentido de ser mais “de centro”) que outras falas recentes; se destacou ao expor preocupações não abordadas por outros candidatos, como as grandes taxas de informalidade dentro do mercado de trabalho. Comprometeu sua fala ao citar um dado falso sobre o real percentual de despesa em juros no orçamento público.

Marina Silva: Começou a fala um pouco perdida, o que não se espera de quem ficou na terceira colocação nas últimas 2 eleições; ao longo da fala, conseguiu melhorar e ser mais objetiva. Estranhamente, optou por falar pouco de economia, área em que possui algumas propostas liberais (fruto de seu conselheiro econômico Eduardo Gianetti); assim, poderia ser mais aplaudida face o público presente no evento; Marina enfatizou valores e pediu diálogo em vez de embate. Algumas de suas falas lembraram a candidata de 2014.

Geraldo Alckmin: muito propositivo e pragmático, demonstrou ter abarcado o discurso liberalizante de seu conselheiro Persio Arida, contrastando com ele próprio nas eleições de 2006. Destacou-se ao defender abertura econômica e privatizações, além de expor dados da saúde fiscal e da segurança pública de São Paulo, duas áreas em que seu governo se destacou.

Nota de pesar: Jair Bolsonaro foi convidado, mas lamentavelmente não compareceu ao evento. Haverá outras oportunidades, e espero que ele não se omita dos debates como Lula fez ao longo do primeiro turno em 2006. Costumo dizer que Bolsonaro é uma incógnita; por decorrência lógica, quanto menos tempo de exposição em sabatinas públicas, mais difícil afastar esse ceticismo e mudar de ideia.

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