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Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal

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Já escrevi isso antes com outras palavras mas agora que temos liberais na política, não custa repetir de tempos em tempos.

Lord Acton dizia que o poder corrompe e que o poder absoluto corrompe absolutamente. Entendo que ele não estava se referindo à venalidade. Essa que vemos no Brasil, onde há um mercado de políticos que se compra e se vende como se compra e se vende bananas na feira.

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Acredito que ele, Lord Acton, se referia à falta de integridade dos políticos que acabam por abrir mão de seus princípios para conquistar mais poder.

Muitos desses políticos, mesmo os que se dizem liberais, com a ânsia de querer modificar o mundo, acabam por querer regular a vida alheia e taxar rendas e o consumo.

Esquecem inadvertidamente, ou abandonam deliberadamente (o que é mais provável) suas convicções com relação à inalienabilidade dos direitos individuais. Direitos esses que tornam-se as primeiras vítimas desses políticos vira-casaca que um dia se disseram liberais.

Deve-se a esses traidores de causas ser Lord Acton ainda tão atual e tão cheio de razão.

Você aí que resolveu se envolver com a política e, para ficar na crista da onda, com todo o poder que a política pode lhe proporcionar resolveu ceder um pouquinho aqui um pouquinho ali, lembre-se que essa é a ciência ou a arte de se levar uma determinada ética para guiar as relações individuais num contexto social.

Se depois de entrar no circo da política você começar a ceder seus princípios e trair sua ética, você se tornará igual àqueles que um dia imaginou poder combater.

Quando você se der conta disso, ao olhar para trás tentando buscar o apoio dos que lhe deram um voto de confiança, não se surpreenda de ver que quem o aplaude são os que antes o vaiavam e aplaudiam os seus adversários.

Aqueles que o colocaram lá, provavelmente não o reconhecerão e o confundirão com seus novos aliados, aqueles que antes serviam para você de referência quando dizia, é contra eles que eu luto, é isso que eu jamais quero ser.

Manter-se incorruptível não depende nem das circunstâncias nem do que os outros pensam a seu respeito. Manter-se incorruptível depende exclusivamente da força de seu caráter e da consistência das suas convicções.

Força de caráter e consistência das convicções não se encontra na feira, nem no ambiente em que estamos inseridos. Isso é forjado com o tempo no fundo da alma e dentro da mente.

Comentário do blog: Entendo o apelo do autor à consciência individual de cada um, especialmente de quem se diz liberal e resolve ingressar na política para combater os estatizantes. Mas vejo o alerta de Lord Acton justamente contra a esperança de que “incorruptíveis” cheguem ao poder, pois não devemos esperar santos na política. Eles raramente existem. O ideal é mesmo mudar a mentalidade do povo e com isso fazer com que o estado seja menor, reduzindo assim a tentação à corrupção individual. Melhor não contar muito com os “incorruptíveis”, e sim com um mecanismo de incentivos mais adequado: menos recursos circulando pelo estado e punição mais severa para os que forem pegos roubando.