Meu pai sempre me ensinou que existem duas formas de aprender as coisas na vida: apanhando ou observando. A mais inteligente, sem dúvida, era observar os erros alheios e extrair lições. Mas quando isso não funcionasse, que ao menos aprendesse com os próprios erros, gravando a ferro e fogo a dura lição. O meu espanto é que nossa esquerda asinina sequer consegue aprender com os próprios erros. Ao contrário: décadas depois, ela repete as mesmas idiotices!
Quer um ótimo exemplo? Maria de Conceição Tavares. O leitor pode achar que implico com uma idosa meio gagá, mas não é o caso: Conceição Tavares ainda goza da estima de gente no poder, a começar pela própria presidente Dilma, e também consegue espaço na imprensa. Ou seja, ainda está na ativa, talvez um tiquinho menos raivosa apenas. Mas o conteúdo continua o mesmo de sempre.
Uma reportagem do GLOBO de hoje falou do Plano Cruzado, e mostrou a economista chorando na TV como uma das imagens mais marcantes da época. Em seguida, fez uma breve entrevista com ela. Pasmem! Não há lição alguma que ela tenha extraído daquele papelão em cadeia nacional. Ela culpa outros fatores pelo fracasso do plano, menos sua própria estrutura absurda e suas premissas ridículas. Faltou insistir no congelamento de preços! Vejam:
Fui à televisão, passei noites sem dormir. Acompanhei o plano todo, até que capotou de maneira estrondosa. Todas as experiências foram muito amargas. Foram feitas mais de cinco tentativas de atacar a hiperinflação. E não deu, só deu mais tarde. Estava comovida. Pela primeira vez se fazia um plano anti-inflacionário que não prejudicava o trabalhador. Isso é comovedor, todos os outros, como este agora também, provocaram recessão, desemprego e queda de salários.
Só deu mais tarde. E fica por isso mesmo! Quando? Ah, no Plano Real. E o que ela mesma e seus colegas de esquerda falaram do Plano Real? Que seria um fracasso! Que era elitista, que iria prejudicar os pobres. Ironicamente, foi o seu Plano Cruzado que prejudicou os pobres, ao não conter a inflação. Mas ela ainda acha que o plano era lindo por não prejudicar o trabalhador em sua “teoria”. E pro inferno com os fatos!
O plano estabilizava a distribuição, ao contrário dos outros planos anti-inflacionários que faziam os de baixo, os trabalhadores, pagarem o pato. Aquele não, a distribuição ficava neutra. Então era um plano bom.
Era tão bom que foi um fracasso! Mas quando os fatos negam as teorias, pior para os fatos, não é mesmo? Assim são todos os marxistas. Esses “intelectuais” precisam salvar uma ideologia, nem que tenham de ignorar a realidade. O plano era ótimo, pois em sua concepção não punia os pobres. Quem liga para o “detalhe” bobo de que, na prática, acabou punindo e muito os mais pobres?
Fazia uma deflação dos salários pela média, sem ser pelo pico nem arbitrária. Uma série de salários que ficaram preservados ao longo do tempo. Mas precisava manter os preços congelados, e não foi possível. Para o plano dar certo, precisava manter os preços congelados.
[…]
Temos um comércio muito oligopolizado, muito concentrado. E as grandes empresas comerciais não cumpriram o plano. E, na base dos fiscais de Sarney, não deu. Não se pode mandar milhões de pessoas para a rua fiscalizar preços. Não tinham poder para nada, não resolvia. Agora, estamos com inflação de novo. E volta sempre a mesma coisa: subir a taxa de juros, cortar os gastos. Sempre a mesma porcaria. Espera-se que ela não suba com mais força. Ela tende a desaparecer ao longo do ano que vem.
Um espanto! Ela sente saudade dos “fiscais do Sarney”, e lamenta só o fato de que não tinham mais poder para impor o controle de preços! A culpa é da ganância dos empresários, dos “oligopólios” (que o BNDES e o protecionismo comercial aplaudidos pela mesma esquerda fomentam). Maria de Conceição Tavares não tem a mais vaga ideia de como se produz inflação! Não tem noção da origem do processo inflacionário. É impressionante que esta senhora tenha dado aula para tanta gente, deformando suas mentes.
Eu poderia oferecer uma gratuidade a ela para meu curso online sobre as bases da economia, que começará em breve. Mas tenho certeza de que seria em vão, de que, a essa altura, é um caso perdido. Fica a dica para seus alunos então, para todos que “aprenderam” economia na Unicamp da vida, ou na UFRJ, com professores desse tipo. Quem ainda acha que inflação se combate com congelamento de preços precisa urgentemente de umas aulas básicas de economia!
Mas Conceição reclama da volta da inflação, e não diz uma só palavra sobre as práticas heterodoxas de sua dedicada aluna Dilma, da “nova matriz macroeconômica”, tão criticada pelos liberais. Enquanto nós já prevíamos o cenário horroroso de estagflação, eles aplaudiam a presidente corajosa que derrubava juros na marra e liberava o crédito como se não houvesse amanhã, para estimular a “demanda agregada”. Deu nisso, e o que dizem os esquerdistas? Que é um absurdo subir juros agora! Eles não acusam o golpe, não se sentem responsáveis por nada. São uns cínicos, uns sonsos!
Essas coisas só se aprendem, infelizmente, em matéria de política anti-inflacionária, na porrada, não é legal, não é um aprendizado alegre.
O que a professora quer que aprendamos na “porrada” é como ser estúpido como essa esquerda, que não aprende nem depois de destruir o país várias vezes. O aprendizado “alegre” seria aquele por meio de livros bons, cursos decentes, e observação de outros casos históricos para não repeti-los. A esquerda detesta tudo isso. Prefere os livros ruins, a repetição de slogans e dogmas simplistas, e a cegueira voluntária para não deixar a realidade estragar sua visão limitada de mundo. É uma insistência de matar de inveja o mais determinado dos jumentos…
Rodrigo Constantino
Governadores e oposição articulam derrubada do decreto de Lula sobre uso da força policial
Tensão aumenta com pressão da esquerda, mas Exército diz que não vai acabar com kids pretos
O começo da luta contra a resolução do Conanda
Governo não vai recorrer contra decisão de Dino que barrou R$ 4,2 bilhões em emendas
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS