Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal
Começo pelo óbvio: toda vida humana é preciosa, assassinar alguém é o mais bárbaro dos crimes. Me solidarizo aqui com a dor das famílias da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Pedro Gomes.
Muitos dizem que a morte da vereadora é apenas mais um assassinato entre os mais de 60 mil que ocorrem todo ano no Brasil. Respeitosamente discordo deles: o assassinato da vereadora parece ter sido motivado por denúncias contra policiais e milícias; ou talvez ela tenha sido assassinado pelo tráfico de drogas, ou mesmo por máfias contrárias a intervenção militar no Rio de Janeiro, visando criar um ambiente contrário a intervenção. Qualquer uma dessas hipóteses sugere que a vereadora foi assassinada para mandar um recado ao Estado, sugere que o Estado não está no comando de zonas urbanas importantes. Sendo assim, é evidente que esse crime se diferencia dos demais (incluindo a morte trágica de seu motorista).
Vale ressaltar que a morte de vereadores e candidatos a esse cargo não é propriamente uma novidade no Rio de Janeiro. Tal como lembrou a Spotniks foram 15 assassinatos de candidatos e pré-candidatos somente no Rio de Janeiro em 2016. Verdadeiro atentado ao estado de direito e a democracia. Além disso, são fortes os indícios de que o tráfico de drogas e milícias estejam influenciando as eleições em partes do Rio de Janeiro.
O assassinato de Marielle, junto com os outros 15 assassinatos a candidatos, configuram a falência do estado fluminense, e fortalecem os argumentos favoráveis a intervenção federal no estado. Termino essa parte com uma constatação: a imprensa precisa entender que se Marielle foi morta por ser mulher, negra e lésbica, então esse motivo exclui o motivo de ter sido morta por denunciar milícias. Se ela foi assassinada por ter denunciado milícias, então o fato de ser mulher e negra não faria diferença (teria sido executada mesmo se fosse homem, branco e hetero). Não dá para usar as duas justificativas ao mesmo tempo como motivo do crime.
Vamos agora analisar o silêncio de Bolsonaro. Começo com uma pergunta honesta: imagine que Luciano Huck fosse candidato a presidência e silenciasse sobre o assassinato da vereadora, como vocês acham que a imprensa noticiaria o fato? Creio firmemente que boa parte da imprensa estamparia manchetes como “Huck se recusa a fazer política sobre tragédia” ou ainda “Huck silencia em respeito as famílias das vítimas”, ou algo parecido. Note que não digo que Huck silenciaria, digo apenas que caso o fizesse teria tratamento positivo por boa parte da mídia. Em outras palavras, boa parte da mídia que hoje critica o silêncio de Bolsonaro aplaudiria o mesmo comportamento em Huck.
Vamos fazer agora outra pergunta honesta: o que a mídia diria se Bolsonaro emitisse qualquer tipo de nota? Aposto que as críticas seriam do tipo “Bolsonaro tenta capitalizar em cima de homicídio” ou qualquer outra vertente desse tipo.
Quando você é criticado qualquer que seja seu comportamento é evidente que parte de suas decisões passa a ser uma conta de quando deve se manifestar ou não. Não digo que o silêncio seja o melhor caminho, digo apenas que esse mesmo comportamento em outros candidatos seria elogiado. De maneira irônica, talvez o silêncio tenha sido a resposta mais adequada que Bolsonaro poderia ter dado, e isso frustrou parte de seus críticos que estavam prontos a colocar essa tragédia no colo do deputado.
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