Por Roberto Ellery, publicado pelo Instituto Liberal
As contas trimestrais divulgas pelo IBGE trouxeram um surpreendente crescimento do PIB. Enquanto as expectativas apontavam para um crescimento de no máximo 0,2% ou mesmo queda, o número apurado mostrou um crescimento de 0,4% em relação ao trimestre anterior. A notícia é boa, mas não é para soltar fogos. O cenário é de recuperação lenta; isso é bom dado que nas contas referentes ao primeiro trimestre havia uma ameaça de novo mergulho da economia em uma recessão. Também é bom evitar a tentação de creditar o resultado a expectativas positivas por conta da agenda de reformas que está andando – ainda é cedo para isso.
A figura abaixo mostra o crescimento do PIB em comparação com o trimestre anterior e com o mesmo trimestre do ano anterior. Fica claro o padrão de recuperação lenta. Aqui cabe lembrar que, ao contrário de alguns colegas de profissão, eu não considero que a recuperação lenta seja um problema; pelo contrário: uma recuperação rápida provavelmente seria a construção de uma nova crise no futuro próximo, repetindo um padrão que já é comum no Brasil e na América Latina. A melhor notícia do número do PIB é que devem cair as pressões para que a equipe econômica aposte em uma agenda de estímulos de curto prazo.
A queda da indústria extrativa, que cresceu durante boa parte da crise, ajudando a evitar um desastre ainda maior, frustrou um crescimento que poderia ter sido maior que o anunciado, mas reforça a tese de que a recuperação está ocorrendo mais por fatores internos do que por fatores externos. Não há problema em crescer com a ajuda de fatores externos, pelo contrário; mas é importante que a dinâmica interna da economia também aponte para o crescimento.
A figura abaixo mostra o crescimento dos principais componentes da demanda. Destaque para o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) que voltou a crescer e desde o último trimestre de 2017 vem crescendo; mas a queda na taxa de crescimento no trimestre anterior ligou um sinal amarelo para a possibilidade de reversão desse padrão. Um novo ciclo de queda do investimento seria um forte indicador de uma volta ao quadro de recessão. O crescimento de 5% do investimento pode ser um sinal de que o trimestre anterior foi apenas um susto. A queda no consumo do governo em contraste com um aumento do investimento e do consumo das famílias pode ser vista como um sinal de que não estamos em uma nova bolha.
Em resumo, os números mostram uma recuperação lenta, mas aparentemente equilibrada e que não decorre de choques externos. Aparentemente, o primeiro trimestre de 2019 foi mais um susto do que uma reversão da recuperação iniciada em 2017. O desafio continua sendo manter a agenda de reformas e fugir das tentações de adotar estímulos de curto prazo.
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