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Conversa de Trump com presidente ucraniano é divulgada e não tem nada demais: impeachment enterrado!

Pelo que tínhamos até aqui, só a denúncia vaga do “whistleblower” supostamente ligado ao serviço de inteligência, que teria ouvido um pedido antirrepublicano do presidente Trump ao presidente da Ucrânia, havia margem para se debater um eventual impeachment. No mínimo era algo que soava mal: imoral, ainda que não ilegal, como cheguei a comentar no Jornal da Manhã hoje cedo:

Mas agora que a Casa Branca divulgou a transcrição da conversa na íntegra, como prometera o presidente, o assunto de impeachment deve ser enterrado. Ao menos seria, se os democratas tivessem vergonha na cara. Trump não mentiu. Não há nada demais na conversa, não há qualquer “pressão” para o presidente investigar um adversário político sob ameaça de reter ajuda militar ao país, o que seria um crime.

Ao contrário: Trump simplesmente pede que o presidente coopere com uma investigação do DOJ sobre a intromissão nas eleições, uma pergunta legítima, já que a intromissão pode ter vindo da Rússia ou da Ucrânia. A conversa mostra dois políticos conectados por respeito mútuo, admiração, e ainda respinga críticas aos líderes europeus (eis o problema de se expor toda conversa de lideranças, que muitas vezes tocam em temas sensíveis e não foram travadas para se tornarem públicas).

Veja abaixo os principais trechos:

Zelensky: Trouxemos muitas pessoas novas. Nem os políticos antigos, nem os políticos típicos, porque queremos ter um novo formato e um novo tipo de governo. Você é um ótimo professor para nós nisso.

Trump: A Alemanha não faz quase nada por você. Tudo o que eles fazem é conversar e acho que é algo que você deveria perguntar a eles. Quando eu estava falando com Angela Merkel, ela falava sobre a Ucrânia, mas ela não fazia nada. Muitos países europeus são do mesmo jeito. Acho que é algo que você deveria ver, mas os Estados Unidos têm sido muito bons para a Ucrânia.

Zelensky: Sim, você está absolutamente certo. Não apenas 100%, mas na verdade 1000%. Posso dizer o seguinte: conversei com Angela Merkel e me encontrei com ela. Também encontrei e conversei com Macron, e eu disse a eles que não estavam fazendo tanto quanto precisavam nas questões com as sanções. Eles não estão aplicando as sanções. Eles não estão trabalhando tanto quanto devem trabalhar para a Ucrânia. Embora logicamente a União Europeia deva ser nosso maior parceiro, tecnicamente os Estados Unidos são um parceiro muito maior do que a União Europeia, e estou muito grato a você por isso, porque os Estados Unidos estão fazendo bastante pela Ucrânia.

Trump: Gostaria que você nos fizesse um favor porque nosso país passou por muita coisa e a Ucrânia sabe muito sobre isso. Eu gostaria que você descobrisse o que aconteceu com toda essa situação com a Ucrânia, eles dizem: Crowdstrike… Acho que você tem o servidor, eles dizem que a Ucrânia tem. Muitas coisas que aconteceram, a situação toda: acho que você está cercando a si mesmo com algumas das mesmas pessoas. Eu gostaria que o Procurador Geral ligasse para você ou seu pessoal e gostaria que você chegasse ao fundo disso. Como você disse ontem, todo esse absurdo terminou com um desempenho muito ruim de um homem chamado Robert Muller, um desempenho incompetente, mas eles dizem que muito disso começou com a Ucrânia. Tudo o que você poder fazer, é muito importante que você faça, se isso for possível.

Trump: Bom, porque ouvi dizer que você tinha um promotor muito bom e ele foi demitido, o que é realmente injusto. Muitas pessoas estão falando sobre isso, do jeito que eles demitiram seu muito bom promotor e você teve algumas pessoas muito más envolvidas. Giuliani é um homem altamente respeitado. Ele era o prefeito de Nova York, um grande prefeito, e eu gostaria que ele ligasse para você. Vou pedir para ele te ligar junto com o advogado-geral: Rudy sabe muito bem o que está acontecendo e ele é um cara muito capaz. Se você pudesse falar com ele, seria ótimo. […] Outra coisa, tem muita falação sobre o filho de Biden, que Biden interrompeu a investigação e muitas pessoas querem descobrir sobre isso, então o que você puder fazer com o procurador-geral seria ótimo. Biden se gabou de ter parado a promotoria, então se você puder investigar … Parece-me horrível.

Como podemos ver, não há um claro pedido em troca de nada, o qui-pro-quo que seria necessário para configurar um crime. Nada perto disso!

Para Ben Shapiro, a transcrição será como um teste de Rorschach, onde cada um vai ver o Trump que imagina existir. Quem enxerga apenas um monstro fascista manipulador verá uma tentativa de obter do presidente ucraniano um favor indevido para atacar um adversário político. Mas quem vê em Trump uma pessoa que fala demais, que se gaba de suas conquistas, apenas meio fanfarrão, verá um presidente solicitando algo absolutamente normal a um outro líder.

Shapiro questiona se há a condição do favor para a ajuda ser liberada, e responde: “Isso não está totalmente claro na própria transcrição. É mau comportamento, é claro – feio e inapropriado. Se você está inclinado a pensar em toda a conversa como uma negociação sobre ajuda, isso é condenatório. Se, no entanto, você está inclinado a acreditar que Trump está apenas trazendo tópicos com Zelensky de maneira típica e casual, não há nada de especial em trazer Biden. Conclusão: este é o começo da questão, não o fim. A ligação não é em si uma ‘bomba atômica’.”

Os democratas vão insistir na narrativa de que tudo configura um crime, mas não há absolutamente nada substancial nessa conversa para embasar tal acusação. A bandeira do impeachment, após a transcrição liberada, será apenas para desgastar o presidente para as eleições do ano que vem. Mas quem sai realmente chamuscado é Joe Biden, pois o seu suposto abuso de poder como vice-presidente para proteger o filho será lembrado.

O democrata foi tragado para o meio do tiroteio, e seus companheiros não ligam se, na tentativa de acertar Trump, acabarem matando o mais moderado dos pré-candidatos, e talvez o único que pudesse, de fato, derrotar o republicano em 2020…

Rodrigo Constantino

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