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Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal

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É opinião quase unânime que o maior torneio de futebol do planeta já não atrai tanta atenção quanto outrora. Mas não adianta apontar culpados por essa situação, pois ela é uma decorrência natural da busca por lucro por parte de empreendedores do setor de entretenimento.

Até meados da década de 1990, assistir a jogos de seleções nacionais consistia em uma das poucas oportunidades de ver em ação os maiores craques estrangeiros do esporte bretão.

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Em busca de satisfazer esta demanda dos fãs ávidos por espetáculos futebolísticos, investidores resolveram levar aos quatro cantos da Terra, a custos cada vez menores, as partidas dos melhores campeonatos europeus e sulamericanos.

A partir de então, a Copa da FIFA perdeu relevância ante a concorrência de certames como UEFA Champions League, Taça Libertadores da América ou mesmo competições locais, como os campeonatos espanhol e inglês.

Se antes era preciso ficar ligado nos confrontos entre nações para conferir as jogadas de Maradona, hoje é possível ver Messi dando show na Copa do Rei até pelo smartphone.

Além disso, países se enfrentando dentro das quatro linhas costumava ser um tipo de evento que trazia consigo um componente emocional para além do desporto: a ocasião despertava sentimentos patrióticos, uma espécie de comunhão entre os cidadãos de uma mesma origem, que se identificavam entre si e enfrentavam adversários que a eles se contrapunham, em uma espécie de simulacro de um embate bélico.

Mas a globalização — no caso, tanto o comércio globalizado quanto a circulação de pessoas além das fronteiras — acabou por atenuar este elemento que alavancava o engajamento das pessoas na Copa do Mundo.

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A evolução dos meio de transporte, logística e comunicação encurtou distâncias, aproximou povos e tornou suas culturas tão semelhantes que torcer pelos representantes de um determinado país perdeu parte do significado original — especialmente porque, como ensinava Frédéric Bastiat, estradas por onde passam comerciantes não passam soldados: a interdependência comercial entre as nações praticamente eliminou as chances de guerras entre elas, o que também ajuda a arrefecer o entusiasmo nacionalista.

É claro que há outros fatores que contribuíram para reduzir a paixão do brasileiro pela amarelinha (corrupção disseminada nas instituições esportivas, convocações de atletas para lá de suspeitas, etc), mas em tempos de petistas culpando “paneleiros” pela crise que eles próprios criaram e acusando um suposto arrependimento generalizado com o impeachment da presidenta competenta como motivo para a perda de interesse pela Copa, convém elucidar: o “capitalismo selvagem” tornou tão comum ver os melhores jogadores do mundo atuando que a FIFA world cup perdeu importância no processo.

É do jogo. Siga la pelota!