Jeremy Corbyn, o novo líder do Partido Trabalhista inglês, defendeu a expropriação de casas das pessoas ricas para as vítimas do incêndio na torre em Grenfell. Como Andrew Lilico constatou, no Telegraph, “uma das características mais notáveis da campanha eleitoral geral foi a forma como Jeremy Corbyn, que era tido durante décadas como uma das pessoas mais distantes à esquerda do país, foi de repente reinventado como um personagem de uma esquerda suave, caracterizado pelos trabalhistas como apenas querendo fazer o Reino Unido um pouco mais parecido com a Alemanha ou a Suécia”.
Ele continua: “Tenho a impressão de que os eleitores mais jovens pensam sobre as simpatias de esquerda de Corbyn como história antiga, irrelevante para o seu posicionamento político hoje – algum tipo de affair juvenil. O que aconteceu nos anos oitenta deveria permanecer nos anos oitenta, por assim dizer”. O autor, porém, refresca a memória dos leitores: “Mas o pedido de Corbyn para um salário máximo foi em janeiro de 2017, não nos anos oitenta. Ele declarou a Bolívia como um dos países cujo modelo político e econômico ele mais admira em dezembro de 2015, não nos anos oitenta”.
Esse fenômeno que estamos vendo no Reino Unido não é um caso isolado. Ao contrário: já escrevi vários textos sobre a “revolução silenciosa” ocorrida nos Estados Unidos, com uma crescente radicalização da esquerda e do Partido Democrata. Bernie Sanders, o Corbyn americano, quase derrotou Hillary Clinton nas primárias, sendo que a própria Hillary é uma radical que teve no revolucionário Saul Alinsky um guru. Sanders passou a lua de mel na União Soviética, e se recusa a criticar o modelo venezuelano.
São comunistas. Sim, comunistas. Só ingênuo acredita que o comunismo acabou. Tal crença, aliás, faz parte da revolução silenciosa, e o fato de muitos sequer acharem que o diabo ainda existe é seu maior trunfo. Aos poucos a extrema-esquerda foi tomando conta da esquerda moderada, e hoje o que é considerado “moderado” é puro extremismo. Há “liberais” que acreditam que Sanders é apenas um social-democrata que mira no modelo sueco! Sim, aquele com voucher para educação e sem salário mínimo…
Essa gente quer salário máximo! Quer expropriar a propriedade privada em nome da igualdade! Quer socializar completamente vários setores, como o de saúde. E o nome para quem odeia o livre mercado capitalista e deseja concentrar tanto poder no estado ainda é, no meu dicionário, comunista. O fato de tanta gente considerar um Obama da vida como um cara de centro demonstra o sucesso dos radicais de esquerda, apenas isso.
E eis que chegamos nessa situação: Corbyn, defensor do socialismo, aliado de extremistas islâmicos, com quem deseja “dialogar”, o mesmo que pretende tomar a casa dos “ricos” para ajudar as vítimas do incêndio, é líder dos trabalhistas com chances de governar o Reino Unido. O comunismo conseguiu se disfarçar de algo moderado!
Rodrigo Constantino
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