A Caixa Econômica Federal ultrapassou o Itaú Unibanco e se tornou o segundo maior banco do país no primeiro trimestre deste ano. Agora, os dois maiores bancos brasileiros passam a ser instituições controladas pelo governo. O Banco do Brasil continua na primeira colocação do ranking, com 1,443 trilhão de reais em ativos, de acordo com os dados do Banco Central (BC).
O estudo, publicado nesta quinta-feira no jornal Valor Econômico, mostra que a Caixa encerrou março com 1,242 trilhão de reais em ativos totais, um aumento de 3% em relação a dezembro. Já o Itaú registrou queda de 6% nos ativos no trimestre, para 1,205 trilhão de reais.
A matéria explica que o avanço da Caixa é resultado da política de concessão de crédito via bancos públicos implementada nos últimos anos do governo Lula e no primeiro mandato da presidente afastada Dilma Rousseff. A instituição começou a desacelerar o ritmo de concessões de financiamento, mas ainda se mantém em um ritmo mais forte do que os concorrentes privados.
Se o critério usado para avaliar o maior banco for o tamanho do ativo, então eis que já temos dois estatais na liderança. Faz sentido: o governo, sob o comando petista, decidiu que ia utilizar esses bancos como instrumentos de populismo para fomentar o crédito e o consumo como se não houvesse amanhã. O resultado? Famílias super endividadas e um risco enorme de inadimplência à frente para esses bancos, ou seja, para os “contribuintes”.
As decisões tomadas seguiram critérios políticos e eleitoreiros, não econômicos. Não faltaram alertas de economistas sérios, liberais. Nesse blog cansei de atacar o que o governo vinha fazendo com a Caixa, o BB e o BNDES. Escrevi um artigo para o GLOBO sobre a “caixa de Pandora” que o PT abria, já em 2012, e mais recentemente voltei ao tema aqui. O governo petista estava brincando com fogo, e quem vai se queimar é a gente.
Depois, quando a direita acusa o PT de ser marxista ou comunista, é logo acusada de “paranóica” ou de viver presa na era da Guerra Fria. Pois bem. No fim da segunda parte (Proletários e Comunistas) do Manifesto Comunista, Marx e Engels expõem as dez medidas “indispensáveis como meio para transformar radicalmente todo o modo de produção”. Atentem para o item 5, por favor (mas podem observar vários outros também):
1 – Expropriação da propriedade da terra e emprego da renda da terra em proveito do Estado.
2 – Imposto fortemente progressivo.
3 – Abolição do direito de herança.
4 – Confiscação da propriedade de todos os emigrantes e rebeldes.
5 – Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio exclusivo.
6 – Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte.
7 – Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado, arroteamento das terras incultas e melhoria das terras cultivadas, segundo um plano geral.
8 – Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.
9 – União do trabalho agrícola e industrial e medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção entre a cidade e o campo.
10 – Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas. União da educação com a produção material.
Como o leitor pode ver, o Brasil petista foi bom aluno marxista. Tentou várias dessas medidas, e logrou êxito neste quinto item. O crédito hoje já está bastante concentrado nas mãos do estado. Mais da metade está com os bancos públicos, politizados, sob forte influência ideológica.
A esquerda odeia banqueiros, não é mesmo? Então está mais do que na hora de reconhecer: o maior banqueiro do país é o próprio estado. O estado que a esquerda adora. Não cobrem coerência dessa gente. Sua única coerência é fazer tudo pelo poder…
Rodrigo Constantino