É um espanto! Acabei de publicar um texto sobre minha experiência de viver na América há dois anos, enaltecendo a meritocracia e a responsabilidade individual, e me deparo com um artigo no Estadão culpando os altos índices de reprovação escolar pelo fracasso de nossa educação. Isso mesmo: Marcia Alice Setubal acha que o grande problema de nossas escolas é que elas reprovam muitos alunos. Se ao menos eles passassem de ano mesmo sem saber ler, escrever e fazer contas…
Parece piada, mas é sério. Nosso ensino está falido por conta da mentalidade do coitadismo, da doutrinação ideológica no lugar do ensino objetivo das matérias, do comunista Paulo Freire, enfim, e vem uma “educadora” falar que o problema é que muitos alunos repetem de ano, ou seja, ela prefere atacar o sintoma em vez da causa! Diz ela:
É preciso considerar que, se por um lado a aprovação dos alunos com rendimento abaixo do esperado – sem políticas específicas de intervenção e aceleração – não garante que o direito à aprendizagem se efetue, por outro a reprovação tende a conturbar ainda mais sua trajetória escolar. Nos casos mais graves, levados a refazer o ano escolar nas mesmas condições que levaram a reprová-los, os alunos acabam por abandonar a escola, o que também é uma problema grave no País. Só na faixa etária ideal do ensino médio, de 15 a 17 anos, temos 1,3 milhão de jovens que deixaram a escola sem concluir os estudos; destes, 52% não concluíram sequer o ensino fundamental. Os dados são de um estudo do Instituto Unibanco lançado em 2016.
Outro impacto negativo da reprovação e da evasão, já muito estudado, são seus custos econômicos. Dados preliminares de uma pesquisa realizada por Fundação Brava, Insper, Instituto Ayrton Senna e Instituto Unibanco apontam que os custos anuais de termos jovens de 15 a 17 anos fora da escola são quase equivalentes ao valor investido atualmente pelo País em ensino médio. Somadas as perdas pessoais dessa população, que tem rendimento salarial menor, às perdas sociais, que abarcam queda de arrecadação e aumento de gastos com saúde e segurança pública, os prejuízos chegariam a R$ 49 bilhões/ano. Atualmente, o valor investido pelo País em ensino médio é de R$ 50 bilhões, segundo o Ministério da Educação.
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Um dos principais achados é que, embora 77,8% dos participantes não tenham posição clara sobre o tema, a adesão à crença na reprovação tende a ser acompanhada por forte adesão a uma concepção meritocrática de justiça educativa. Nesse conjunto de crenças, os fatores sociais que influenciam o aprendizado – amplamente demonstrados pela pesquisa científica – não são considerados como geradores de diferenças de desempenho escolar. Assim, o acesso ao conhecimento é visto unicamente como fruto do talento e, especialmente, apenas do esforço individual. Por isso, para os professores que aderem à visão meritocrática, a avaliação tende a ser uma forma de exercer poder disciplinar; consequentemente, a reprovação acaba por assumir uma natureza moral – é uma espécie de “castigo” – e, assim, quanto mais cedo ela ocorra, mais precocemente levaria o aluno a entender que se deve esforçar mais para aprender.
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O acesso a pesquisas e a informações qualificadas também é fundamental para que a sociedade como um todo possa olhar mais criticamente para os resultados de avaliações externas como o Pisa e a Prova Brasil, cobrar a ampliação e a melhoria na gestão dos investimentos na educação e entender que, numa sociedade como a nossa, a justiça não reside na igualdade de tratamento entre desiguais, mas na correção das disparidades. Somente assim será possível avançar na construção de uma escola mais inclusiva, em que nenhuma criança ou nenhum jovem fique para trás.
Resumindo todo esse palavrório, a autora diz basicamente o seguinte: reprovar o aluno mais carente não resolve nada, então a solução é jogar mais recurso público nesse modelo falido inspirado justamente em Paulo Freire, o comunista da “inclusão” (e que defendia Cuba!). E atenção: a autora, como o sobrenome diz, é herdeira do grupo Itaú, ou seja, uma bilionária socióloga. Se os sociólogos já são, via de regra, adeptos dessa visão coletivista do coitadismo, o que esperar de uma que é herdeira culpada ainda por cima?
Sinceramente, só vejo o eterno mimimi de sempre, que trata com uma pseudo-empatia os mais pobres, uma condescendência que, no fundo, exprime um ar de superioridade arrogante. Passar a mão na cabeça dos mais pobres como se eles não tivessem condições de aprender, isso me parece uma agressão a eles, os maiores prejudicados com tal mentalidade. Se “nóis pega o peixe” passa a ser aceito para não “discriminar” os mais pobres e ignorantes, então quem vai pagar o pato são justamente os pobres e ignorantes!
Passar de ano quem não consegue aprender a ler, escrever e fazer contas não pode ser o caminho para nada louvável, apenas para a perpetuação da mediocridade. Resultado, aliás, que o modelo atual tem produzido, inspirado nesses coletivistas de esquerda. Em vez de cobrar melhor preparo dos professores, uma escola sem partido que deixe a ideologia de fora da sala de aula para ensinar língua e matemática de forma séria, e depois cobrar o aprendizado de forma objetiva e igualitária, esses pedagogos preferem ir abolindo as réguas de medição, nivelando todos por baixo, condenando justamente os mais pobres à ignorância eterna. Tornam-se massa de manobra dos oportunistas demagogos depois, claro!
Não poderia discordar mais da autora do texto. Acho que a reprovação deve ser aplicada de forma imparcial, de acordo com uma cobrança objetiva do ensino, independentemente da renda do aluno. Afinal, 2 + 2 será sempre igual a 4, não importa de que classe social vem o aluno que faz a conta.
Esse coitadismo na questão do ensino lembra aquele quando o assunto é criminalidade: os marginais são “vítimas da sociedade”, e em vez de prender tanto bandido, vamos relaxar o critério do que é considerado crime. Isso só pode ser solução na cabeça de uma elite desvirtuada que vive numa bolha e enxerga os mais pobres como mascotes em suas abstrações. São justamente os mais pobres que saem perdendo mais com essa postura.
Reprovar quem não aprendeu a ler e fazer contas direito. Prender quem comete crimes. E parar com o vitimismo produzido pela elite culpada que vive numa bolha. São receitas bem melhores do que insistir nesse modelo fracassado parido pela esquerda bilionária.
Rodrigo Constantino
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