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Dá bilhão? É só perguntar ao Cid Gomes…
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Dá bilhão? Um só bilhão?

Até hoje, anos depois, a esquerda se apega ao “debate” que travei com Ciro Gomes num programa gaúcho, para repetir que fui humilhado e nunca superei a “surra” que levei. Antes fosse! Nesse caso, bastava pagar a algum psicanalista sakamotiano uma verdadeira fortuna para que ele fosse curtir Paris enquanto eu enfrentasse o “real” e tentasse “ressignificar” essa “humilhação” de alguma forma mais “produtiva”, talvez defendendo o socialismo também, ou falando bem de Zizek nos “jantares inteligentes” regados a vinho chileno.

Mas não é por isso que volto ao tema com frequência, e sim porque ele retrata com perfeição a decadência da nossa esquerda e, também, do debate nesse país. Truculência é confundida com argumento, cinismo é elogiado, e os fatos e dados são ignorados. Uma massa de incautos foge dos argumentos e dos fatos como o diabo foge da cruz. Tudo que quer é repetir que o “coxinha” da VEJA foi “detonado”.

Recentemente, andaram reproduzindo aqui um texto de um desses sakamotianos, em que os fatos são substituídos pelas palavras, pois para ele tudo é palavra, enquanto comentários isolados de leitores do blog eram utilizados, perfidamente, como “provas” de que atiço o ódio geral. Chama-se desonestidade intelectual, mas prospera pelas hostes canhotas. E por isso preciso retornar com frequência à “humilhação” que “sofri” e “não superei”. Dá bilhão?

Dá sim. Dá dezenas de bilhões. Mas vejam que coisa: dá alguns bilhões só no Ceará, reduto do clã dos Gomes. Em reportagem na VEJA desta semana, de Pieter Zalis, fico sabendo que vários projetos suntuosos e megalomaníacos de um Cid Gomes que aprecia caviar pago pelo “contribuinte” não saíram do papel, ou pior, saíram e ficaram parados no estágio de esqueletos, causando poluição visual e prejuízos enormes. O Acquário do Ceará, um projeto de causar inveja à Disney, teria simuladores de submarino e dois cinemas 4D. Ficou só o esqueleto do “tubarão”. Diz a reportagem:

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Um país que tem um estado relativamente pobre que pode se dar ao luxo de torrar centenas de milhões dos pagadores de impostos em projetos supérfluos como um aquário moderno, e que sequer conclui as obras, jogando no lixo essa montanha de dinheiro, não tem onde cortar um bilhão de gastos públicos? Dá bilhão mesmo? Entendem como é temerário um político ir à televisão repetir isso, dando a entender que é muito fácil falar em ajuste fiscal, mas difícil fazê-lo na prática, pois não é trivial encontrar onde cortar sequer um bilhão?

E o sujeito que disse isso foi aplaudido pela horda de bárbaros desesperados por alguma munição contra o liberal “coxinha” da VEJA. “Por favor, me deem algo para que eu possa atacar esse chato, pois ele tem que estar errado!”, parecem clamar os pobres coitados incapazes de argumentar e pensar por conta própria. E depois eles juram que encerraram a questão, não precisando mais refletir sobre os fatos e argumentos que divulgo, repetindo com “ironia”: isso dá bilhão? Ou alegando que não dá para levar a sério aquele economista da VEJA que “apanhou” do Ciro Gomes. A reportagem conclui:

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Pois é: enquanto isso, o clã dos Gomes agradece, enchendo o próprio bolso, mantendo-se no poder, e fazendo promessas bilionárias que se transformam em perdas bilionárias a quem trabalha para bancar a farra. Meu desejo era ter não um aquário suntuoso, mas um pasto bem baratinho mesmo, para ficar observando, com curiosidade científica ímpar, esses pobres bichinhos circulando com as quatro patas de um lado para o outro, enquanto seus “gurus” caem na gargalhada com essa manada de asininos…

Rodrigo Constantino

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