Por Claudir Franciatto, publicado pelo Instituto Liberal
Escrevo este artigo ainda emocionado, após assistir ao filme La La Land: Cantando as Estações, ganhador de vários prêmios e dirigido por Damien Chazelle, o mesmo do também fantástico Whiplash. Se este já era bom, La La Land ultrapassa qualquer expectativa de qualidade. Mais uma homenagem que o cinema presta a si mesmo, a exemplo de Sunset Boulevard, de Billy Wilder (1950), Cantando na Chuva, deStanley Donen (1952), Assim Estava Escrito, de Vincente Minelli (1953), A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen (1985), Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore (1988), A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese (2011), entre tantos outros.
Ao terminar de ver o filme, logo me ocorreu novamente pensar nessa indústria fabulosa que é a cinematográfica norte-americana. Por que, no Brasil, as pessoas não se detêm a analisar o porquê do sucesso mais que fantástico dessa fábrica mundial do entretenimento plantada nos Estados Unidos? Por que tanto êxito em atrair capitais de investimento, em revelar talentos e influenciar o mundo em termos culturais e comportamentais há quase um século? Não li nada a respeito, mas muito provavelmente o “Alô!” que a gente diz ao atender ao telefone veio do cinema. Assim como o hábito de cantar o “Parabéns a Você”, e até o jeito de segurar o cigarro à moda de Humphrey Bogart. Ou não? Meu pai tratava minha mãe pelo epíteto carinhoso de “Baby”. De onde veio isso, sabendo que ele, meu pai, visitava as salas de cinema semanalmente nos anos 50?
Ora, essa não a única indústria que floresce intermitentemente naquele país há décadas. Os EUA se saem de cada crise mais fortes que antes. Hoje, a presença de seus produtos, suas inovações, suas marcas é maior do que nunca. Google, Apple, Microsoft, Facebook, Amazon, Netflix, entre outras que dominam o dia-a-dia de todos nós. Serão eles, os norte-americanos, mais inteligentes que o resto do mundo? Que explicação antropológica ou “divinatória” haveria para isso?
O berço liberal
Durante uma fase da minha vida, como jornalista pesquisador que sempre fui, era convidado a dar palestras sobre o fenômeno da globalização. A certa altura de minha apresentação, então, eu perguntava aos participantes do encontro qual a explicação para o fato de os norte-americanos estarem tão adiante do resto do mundo. E as respostas vinham assim: “Porque eles investem em tecnologia”, “porque ali se pensa seriamente em educação”, “porque eles exploram o mundo subdesenvolvido” (epa! aí já demais!!)…
Eu nunca me conformei com isso. Ninguém nunca se preocupa a investigar isso! As pessoas aceitam passivamente, ou criticam por inveja, ou se deixam levar pelas paupérrimas explicações socialistas… O que explica o sucesso duradouro daquele povo? E quando falo em “sucesso”, estou me referindo a todos os indicadores possíveis de êxito.
Então, nas palestras, pacientemente eu começava incitando os presentes a pensarem antes na Inglaterra. Por motivos que, neste caso sim, ainda falta uma análise antropológica dos especialistas, os britânicos tem aquele ar de “aristocracia natural”, eu diria que mais liberal que conservador, porque você sente isso no ar. Talvez uma análise aprofundada das raízes anglo-saxônicas, sei lá… A verdade é que ali surgiu a Revolução Gloriosa – quando pela primeira vez foram colocadas rédeas institucionais no poder do Estado já em pleno século XVII. Ali nasceu o capitalismo, a revolução industrial, a gênese da máquina a vapor, do trem, do telégrafo sem fio, do computador, da democracia moderna, do liberalismo…
Se você não fica intrigado com esses fatos, eu fico. Mas fico ainda muito mais com o que acontece para além dessas áreas mais rígidas da realidade. No mundo imaterial das artes, da cultura, da criação sem limites, como explicar a Inglaterra como fonte de tantos fenômenos. Ah, você ainda não pensou a respeito?! Pois veja: ali nasceu a banda de rock e pop mais popular do planeta (The Beatles), aquela considerada a maior de todas no rock pesado (Led Zeppelin), o que é considerado o maior escritor e dramaturgo de todos os tempos (William Shakespeare), aquele que é tido por especialistas como o maior cineasta de todos (Alfred Hitchcock), ou outro também quase no mesmo patamar (Charles Chaplin), o maior grupo de comédia do mundo (Monty Python), o esporte mais popular do planeta (futebol), o templo mundial do tênis (Wimbledon), o do futebol (Wembley), o relógio mais famoso do mundo (Big Bem) e…last but not least, os Estados Unidos da América.
O reino unido acabou parindo a maior nação de todos os tempos. De suas entranhas brotou a ideologia fundadora daquele país, com seus “pais” naturais, notadamente Thomas Jefferson e Benjamin Constant. Os pilares de uma república, com os fundamentos basilares do liberalismo clássico. Uma nação livre, um país aberto. Um privilégio sem precedentes: a sociedade que nasceu já livre do desmesurado intervencionismo estatal. Uma cultura voltada para a criação, a organização solidária – como bem ressaltou Tocqueville – as conquistas autônomas e a inovação. Quem dita as regras são a sociedade civil e seu dinâmico mercado.
Eis aí a resposta para as indagações do começo do artigo. Os Estados Unidos, graças a essa cultura liberal, transformou-se no eldorado que funcionou e funciona como ímã a atrair os melhores cérebros e o grande capital de todo o mundo. No exemplo do cinema, que serviu como mote para este breve ensaio, podemos ler que os pioneiros do investimento nessa indústria eram árabes, judeus, europeus em geral…
Em contrapartida, as indústrias cinematográficas dos países que tentavam competir com a norte-americana – sob a égide dos intelectuais esquerdizantes – ficaram dependentes da “ajuda” estatal. Vejam os casos da Itália, da França e até da própria Inglaterra. Essa comparação talvez seja o maior exemplo em favor do liberalismo que há na terra. Pense nisso toda vez que um socialista-nacionalista-estatista se aproximar de você para convencê-lo de que o maior cinema do mundo é o cubano!!! Será que eles chegariam a esse ponto?
E a perplexidade continua: por que aceitamos, sem refletir ou nos torturarmos, o fato de os britânicos se regozijarem da conquista de mais de 120 prêmios Nobel e os norte-americanos mais de 350, enquanto nós, brasileiros,absolutamente nenhum? Por que nós, ao invés de criticar e menosprezar o “american way of life” não emulamos, imitamos, perseguimos o exemplo do que dá certo? Por que não queremos enxergar que, por trás desse sucesso todo, está a sólida cultura liberal?
Por quê?
Sobe o autor: Claudir Franciatto é jornalista e escritor. Autor e organizador do livro A FAÇANHA DA LIBERDADE, obra editada pelo jornal O Estado de S. Paulo, com participação de liberais brasileiros e mais Mário Vargas Llosa, Octavio Paz, Carlos Rangel, entre outros.
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