O Facebook puxou de sua “memória” hoje esse meu post antigo, uma bela e profética passagem do filósofo David Hume, alguém que sem dúvida merecia ser mais lido. Foi influência relevante nas ideias de seu amigo Adam Smith, um ícone do Iluminismo escocês, com abordagem bem superior ao arrogante e racionalista Iluminismo francês. Segue:
Existe um grupo de homens, que recentemente se espalhou entre nós, que se esforçam em serem reconhecidos simplesmente por ridicularizar tudo aquilo que até aqui parecia sagrado e venerável aos olhos da humanidade. A razão, a sobriedade, a honra, a amizade e o casamento são alguns dos temas permanentes de sua pilhéria: e até mesmo o espírito público e a preocupação com o nosso país são tratados como coisas quiméricas e românticas. Se os esquemas desses anti-reformistas prevalecessem, todos os laços da sociedade precisariam ser desfeitos, abrindo caminho para a indulgência de uma alegria eufórica e licenciosa: a companhia de bêbados e pândegos seria preferível à de um amigo ou irmão: a prodigalidade dissoluta avançaria em detrimento de tudo o que fosse valioso, nas esferas pública e privada: e os homens teriam tão pouco zelo por qualquer coisa além deles mesmos que, por fim, uma livre constituição do governo se tornaria algo totalmente impraticável na humanidade, que degeneraria num sistema universal de fraude e corrupção.
Destruir é bem mais fácil do que construir. Atacar todas as tradições e valores é moleza; complicado é transmitir a tocha da civilização acesa para as próximas gerações. Endossar o hedonismo, um individualismo exacerbado que se transforma quase em sociopatia, sem qualquer apreço pelo entorno, isso é algo que qualquer um faz, ao contrário do esforço necessário para nutrir princípios coletivos (não confundir com coletivismo), que servem como cola para o tecido social.
Um amigo jornalista comentou sobre a passagem: “sem um mínimo de conservadorismo, somos todos suicidas. Infelizmente, esse ‘grupo de homens’ que Hume denunciou em seu tempo, hoje está encastelado nas principais instituições, começando pelas universidades”.
Não há como negar. São os próprios “intelectuais” os maiores bárbaros da atualidade, aqueles que disseminam ódio, desconstrutivismo, que tentam abalar todas as estruturas que seguram nossa civilização ocidental de pé. São niilistas disfarçados de pensadores. E enganam muita gente, principalmente os mais jovens, para quem sua mensagem de irresponsabilidade e libertinagem mascarada como “liberdade” soa sedutora demais, irresistível.
Rodrigo Constantino
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