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Ainda na repercussão do texto de Caetano Veloso sobre “abandonar” Israel e aderir ao boicote contra o país, João Pereira Coutinho dá uma ótima resposta em sua coluna de hoje na Folha, lembrando dos motivos pelos quais há o conflito e Israel não pode se dar ao luxo de simplesmente sair de lá:

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Sobre essa ocupação, importa dizer três coisas que Caetano talvez desconheça. Primeiro, que o conflito de 1967 tornou-se inevitável ante os planos do egípcio Nasser para riscar Israel do mapa.

Segundo, que ela não era terra palestina; desde a guerra de 1948, a Cisjordânia estava ocupada pela Jordânia, da mesma forma que Gaza estava sob ocupação do Egito. Curiosamente, ou talvez não, os palestinos nunca se mostraram muito combativos contra essas ocupações de terras que eram suas.

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E, terceiro, que Israel tentou a devolução dos territórios desde que os seus inimigos árabes aceitassem a paz, o reconhecimento e as negociações com Israel. Os inimigos árabes, chefiados por Nasser, preferiram reunir-se em Cartum, capital sudanesa, em cimeira que ficou para a história como a “Cimeira dos Três Nãos”: não à paz, não ao reconhecimento e não às negociações.

Retirar as tropas israelenses unilateralmente já foi tentado antes, e não deu certo. Minto: deu muito errado! Estive ali e pude ver o quão pequena é a faixa de terra que separa o local do conflito de Tel Aviv, por exemplo. São poucos quilômetros. Israel pode permitir, por acaso, que um Hamas da vida tome conta do lugar e possa lançar seus foguetes diariamente sobre a cabeça da população de Tel Aviv?

Seria o caos, e enquanto os “pacifistas humanitários”, revoltados com a “ocupação” de Israel, não responderem essa questão, tudo não passará de romantismo vazio na melhor das hipóteses, e de cumplicidade antijudaica na pior delas. Aguardo sugestões dos abnegados humanitários de como proteger, na prática, a população de Tel Aviv. Enquanto isso, vou continuar encarando a campanha de boicote como uma demonstração clara de judeofobia sim…

Rodrigo Constantino

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