Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal
“Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos” (Winston Churchill)
A democracia brasileira está em xeque. Pesquisa de opinião recente sugere que 36% dos brasileiros são favoráveis a uma intervenção militar. Como chegamos a essa situação?
Para responder a essa pergunta, devemos primeiro tocar num assunto comumente esquecido pelos jornais e grande mídia: a democracia não é um fim em si mesma. A rigor a democracia não possui um valor intrínseco, o valor da democracia decorre de sua habilidade de garantir a vida, a propriedade, e a liberdade. Estes últimos sim possuem valor intrínseco.
O grande mérito da democracia é que ao longo do tempo, e em centenas de locais diferentes, a democracia demonstrou ser o melhor instrumento disponível para garantir o acesso da população a um conjunto básico de valores, e salvaguardas contra o arbítrio do Estado e de terceiros.
Em palavras simples, a democracia é um meio para se atingir determinados fins. A partir do momento que a democracia torna-se incapaz de garantir a maior parte da população o direito inalienável à vida, à propriedade, e à liberdade, neste momento a democracia passa a ser questionada e outras formas de organização passam a ser cogitadas. É exatamente isso que ocorre no Brasil hoje.
Com uma impressionante taxa de mais de 60.000 homicídios por ano é evidente que o direito à vida está longe de ser uma garantia providenciada pela democracia brasileira. As recorrentes invasões de terra e de imóveis rurais e urbanos, aliadas a astronômicos índices de roubos e furtos, lança incertezas sobre a capacidade de nossa democracia garantir a propriedade. Por fim, nossa própria liberdade é diariamente restrita pelo medo da violência que assola nosso país.
Se queremos descobrir os culpados pelo atual baixo prestígio da democracia brasileira devemos descobrir quem foram os responsáveis por disseminar o caos em nosso país. Quem são os responsáveis por criarem centenas de salvaguardas a bandidos e corruptos ao mesmo tempo em que minam toda forma de autoridade, seja do pai e da mãe, seja do policial, seja do professor em sala de aula? Quem apoiou com entusiasmo os movimentos ilegais de invasão de propriedades públicas e privadas? Quem por anos culpou o cidadão comum pela violência ao mesmo tempo em que dizia que marginais eram vítimas da sociedade? A resposta é sempre a mesma: a intelectualidade progressista, os famosos intelectuais da esquerda geraram o problema atual. E agora querem culpar os outros pelo problema que eles mesmos criaram.
Existe uma forma consistente de destruir qualquer sociedade: estimular a violência e a inflação. A inflação ao destruir o poder de compra dos mais pobres gera tremenda insatisfação popular; e a violência leva o medo a todos. Num ambiente com altas taxas de inflação e violência a sociedade clama por ordem. Talvez fosse esse o golpe que muitos intelectuais da esquerda gostariam de ver: o povo dando mais poder ao governo central, comandado pelo PT, abdicando de liberdade em prol de segurança. Com o impeachment de Dilma esse plano veio abaixo, mas anos dessa política geraram estragos profundos.
Hoje a inflação está sob baixa, e isso diminui de certa maneira a demanda por uma ruptura democrática. Contudo, os índices de violência continuam altos. Para restaurarmos o prestígio da democracia brasileira devemos então restaurar a ordem em nosso país. As leis precisam valer para todos, e quando o STF age com discricionariedade isso mina nossa democracia. Quando os deputados e senadores tripudiam do povo isso mina nossa democracia. Quando um presidente se encontra na calada da noite com um conhecido vigarista, e pessoas próximas ao poder são flagradas com malas de dinheiro, isso mina nossa democracia.
Enfim, hoje o controle da inflação é o pouco que nos separa da ruptura da ordem democrática. Se a inflação sair do controle no ambiente atual podem apostar que teremos uma ruptura, e os responsáveis por tal ruptura serão justamente os que mais gritam tentando culpar os outros, isto é, os grandes culpados são os intelectuais de esquerda que minaram e tripudiaram da ordem. Foram as políticas públicas, as leis, e a destruição de padrões morais de respeito (seja a autoridades constituídas, seja a regras de boa convivência), inspiradas nas ideias desses “intelectuais” que afetaram brutalmente a capacidade de nossa democracia garantir a vida, a propriedade, e a liberdade.
Para finalizar, se você acha que os intelectuais de esquerda nada tem a ver com o problema então se lembre de que boa parte deles apoia as ditaduras cubana e venezuelana. Lembre-se que diversos partidos de esquerda aplaudem a ditadura em Cuba, e elogiam o regime na Venezuela. Lembre-se ainda que dois dos intelectuais de esquerda mais queridos foram Sartre (que apoiou uma das ditaduras mais sangrentas da história da humanidade, a ditadura de Mao Tse Tung na China), e Foucault (que apoiou a violenta Revolução no Irã (que entre outras coisas botava fogo em homossexuais)). Você pode facilmente ler mais sobre o abundante apoio de intelectuais de esquerda a regimes totalitários, existem livros aos montes documentando esse fato. Acha mesmo que isso é uma coincidência?
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