Acompanhei o debate na Globo nesta quinta dos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro. Mas confesso: fiz isso enquanto jogava uma biriba com meus pais, pois já imaginava que aconteceria o que, de fato, aconteceu: o “debate” foi um show de entretenimento, de pura diversão, com ataques cruzados, rótulos, demagogia, mas muito pouca, quase nenhuma proposta. Logo, não era preciso assistir com total concentração. Bastava acompanhar de relance, para pegar o jeitão da coisa.
Logo no começo, a comunista Jandira Feghali mostrou a petista enrustida que é, e para alegrar a turma da esquerda jurássica, aquela que se alimenta de feno, partiu para o ataque à Rede Globo, acusada de “golpista”. Não só essa história de golpe é patética, como é no mínimo deselegante a candidata detonar dessa forma sua anfitriã. Recebeu da apresentadora Ana Paula Araújo uma resposta merecida:
Jandira foi a presença quase mais patética no palco, perdendo apenas para Marcelo Freixo o troféu. Todas as suas falas enalteciam “a mulher”, como se ela não tivesse nada mais para apresentar além do fato de ter nascido mulher (e hoje ser confundida por alguns com o cartunista Laerte Coutinho).
Sua campanha já dizia que “as mulheres” estavam chegando. Ou seja, esqueça o comunismo, esqueça a defesa do indefensável governo Dilma, as mulheres deveriam votar em Jandira porque ela é também mulher. Se alguém ainda cai nessa mesmo depois do desastre com Dilma, merece sofrer e viver numa Venezuela mesmo…
Mas Freixo não fica atrás. Foi até pouco apertado por conta de seu apoio aos criminosos black blocs, sobre o apoio ao governo petista e os ataques ao impeachment, sobre os casos de corrupção de seu partido etc. O PSOL é aquele PT de ontem, que banca o puro na ética só porque ainda não é governo. Mas mesmo assim já há escândalos, não é mesmo, Janira Rocha? Imagina se chegasse ao poder.
Crivella desferiu bons golpes em Pedro Paulo, que o chamava de pastor o tempo todo, para lembrar de sua ligação com a Igreja Universal. Flavio Bolsonaro foi chamado pelo pastor de Jair, “por confusão” (deliberada?). Osório e Índio tentaram focar mais em propostas, na questão dos transportes, mas a noite estava para a troca de farpas mesmo, não para ideias: são muitos candidatos na corrida e só um vai para o segundo turno com o bispo.
Aqui há um resumo bom dos principais momentos, quase todos de ataques pessoais. E aqui há um relato de bastidores igualmente interessante, pois mostra um fato da maior importância ao eleitor carioca: “A torcida de Marcelo Crivella em alguns momentos vibrou com respostas de Marcelo Freixo. É o candidato que o PRB prefere enfrentar no segundo turno”. Ou seja, se você tem arrepios só de pensar em Crivella como prefeito e Garotinho de volta, então procure se lembrar de que eles preferem enfrentar um Frouxo em vez de Pedro Paulo.
Aliás, Pedro Paulo, que até se saiu bem no debate, deu um direto de direita no candidato socialista que foi lindo, quando disse: “Freixo, você precisa sair da praça São Salvador”, em referência ao tradicional reduto da esquerda, em Laranjeiras. Freixo é o candidato que fala em nome do povão, mas que só seduz mesmo burguês mimado e maconheiro, daquele tipo “revolucionário” com a mesada da mamãe.
E por falar nisso, não posso fechar sem dizer que se eu fosse radical de esquerda, ou seja, se eu tivesse abandonado meu apreço pelo raciocínio e pela honestidade e passasse a me alimentar também de feno, minha escolha seria Jandira Feghali, não Marcelo Freixo. A todos vocês que cabulam aulas para fumar maconha, que fazem parte de algum “coletivo”, que repetem que o impeachment foi “golpe” e que consideram Chico Buarque uma espécie de deus, eu recomendo: votem em Jandira. Caso contrário, vocês estarão dando atestado de preconceito machista contra as mulheres, só para acompanhar os artistas engajados… 🙂
Rodrigo Constantino
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