Pensei em nem comentar o novo debate entre os candidatos no SBT, pois em muitos aspectos foi parecido com o primeiro da Band, que já comentei aqui. Além disso, há esse excelente resumo em apenas 3 minutos que diz quase tudo:
Vimos uma vez mais um circo com muita mentira e pouca proposta concreta, muita acusação e pouco argumento. A constatação infeliz que somos obrigados a fazer é a de que nossa democracia ainda precisa progredir muito.
De novidade vimos aquilo que era esperado: Dilma subindo o tom contra Marina Silva, agora em sua cola no primeiro turno e já na frente no segundo. A presidente tentou mostrar Marina como alguém sem capacidade para administrar um país, e começou logo na primeira pergunta questionando de onde tiraria tantos bilhões para suas promessas, que Marina chama de compromissos.
Marina perdeu uma ótima oportunidade de dizer que apenas parando de financiar a nefasta ditadura cubana já seria possível economizar alguns bilhões preciosos. Só não sei se ela concordaria comigo ou com a própria presidente, companheira do ditador Castro.
Dilma, logo após sua primeira pergunta, mostrando que o novo alvo é Marina, já não quis responder pergunta alguma. “Nervosismo de debate”, justificou-se pela confusão, ao achar que não poderia ser perguntada por já ter feito uma pergunta. Mas acho que está mais para ato falho de autoritária mesmo…
Afinal, Dilma continuou se enrolando em todas as respostas, mentindo descaradamente, usando meias verdades para criar uma grande fantasia, como a de que a inflação está, agora, nula! Só se for agora, mas agora mesmo, nesse exato minuto! A inflação acumulada em 12 meses é de 6,5%, o teto da elevada meta. Ainda usou a alta recente da bolsa como indício de que não há crise, ignorando que a alta se deve justamente à sua queda nas pesquisas. Como pode tanta cara de pau?
Dilma afirmou também que o pré-sal é nosso passaporte para o futuro. Se por nosso ela quer dizer o PT, disse a verdade pela primeira vez na vida! Marina lembrou bem do que isso tudo resultou para a Petrobras, transformada em instrumento partidário e com seu valor derretendo no mercado. Aécio também bateu novamente na Petrobras.
Por falar nele, Aécio Neves foi razoável em geral, mas não desistiu da imagem de bom moço simpático, que faz concessões demais ao adversário, que o trata como inimigo. Começou enfiando os pés pelas mãos, afirmando que o país está melhor hoje do que há 15, 20 anos. Como é? O país está indo para o buraco, rumo ao bolivarianismo, a inflação voltou com tudo, há recessão, por que Aécio não enfatiza esse cenário sombrio?
Falta-lhe a firmeza que sobra ao Levy Fidelix. Esse foi o ponto alto do debate, ainda que por diversão. Ficou nitidamente nervoso ao ser acusado de liderar uma legenda de aluguel para mamar no fundo partidário e acusou o autor da pergunta, o jornalista Kennedy Alencar, de ser um vendido, parte da imprensa chapa-branca. Eu já acho que os dois podem estar certos…
Eduardo Jorge, do PV, protagonizou o momento mais hilário da tarde, quando disse que não tinha nada a ver com isso, na réplica ao discurso de Fidelix sobre os partidos pequenos e o fundo partidário. Todos riram. Disse que PV é uma espécie de coligação internacional, uma corrente. Você vota nele e elege a Rockfeller Foundation, é isso? Digita seu número na urna e leva junto o Greenpeace e a WWF nas costas? Pode isso, Arnaldo?
Luciana Genro foi uma vez mais motivo de vergonha alheia, até para os padrões do PSOL. Como disse um leitor, seria menos ridículo se a Luciana Gimenez fosse a candidata do partido. Chamou Dilma, Marina e Aécio de “os três candidatos do sistema”, de “irmãos siameses”, e com isso quer dizer que são todos “neoliberais”.
A filha de Tarso Genro disse, ainda, que é preciso escolher lado, criticando a postura “neutra” de Marina. Ela realmente escolheu um: o da estupidez ideológica. É essa a candidata de Gregório Duvivier. E é esse o perfil do “intelectual” no Brasil. Alguém estranha nossa calamidade? Alguém acha graça nessa piada?
Como outra evidência do atraso de nossa democracia, além da presença de alguém como Luciana Genro na disputa, está o ataque insistente aos bancos. Após o governo Dilma ter reduzido na marra a taxa de juros com esse resultado patético que hoje vemos, é realmente triste ver candidatos como Eduardo Jorge e a própria Luciana Genro insistindo nessa tecla batida de que os grandes bancos são os culpados por nossos males e que basta reduzir os juros para termos progresso.
Aécio ao menos lembrou que não basta voluntarismo para reduzir juros, como mostra o fracasso do atual governo. E vale lembrar que o estado controla metade do setor financeiro no país. Mas como é fácil apontar para o “capital financeiro” como o responsável por nossos males, causados pelo excesso de estado e falta de liberdade econômica…
Enfim, aos trancos e barrancos, em passos de cágado, muito aquém do que necessitamos, vamos tentando progredir em nossa democracia. Mas não está fácil. A qualidade dos concorrentes ao Planalto é muito fraca. Só não é mais fraca do que a de quem ocupa a cadeira no momento…
Rodrigo Constantino
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS