O caso parece banal, mas merece menção aqui pelo simples fato de retratar com perfeição o grau de esquizofrenia da esquerda atual. Uma debatedora da ESPN disse que os “homens brancos” precisam “se calar por cinco minutos” para escutar, e disse isso logo depois de rejeitar a ideia de estereótipos.
Michelle Beadle discutia sobre as declarações sexistas de Cam Newton, quarterback do Panthers, sobre uma repórter, que considerou “engraçado uma mulher falando sobre rotas”. O jogador, que é negro, foi alvo de ataques feministas por conta disso.
Mas Beadle não achou nada demais, alegando que várias pessoas viram zero de problema na fala do jogador. “Oh, supere isso, não é uma grande questão”, disse. Logo depois, ela partiu para o ataque… aos homens brancos.
“Sem querer fazer estereótipos”, começa, “mas escuto muito de homens brancos sobre esses assuntos. Vocês têm muito a dizer sobre como os negros devem se sentir, como as mulheres devem se sentir. Eu preciso ser honesta com vocês, caras: calem-se e escutem por cinco minutos. Assim, vocês nunca vão saber o que eu passei, o que ele passou… apenas escutem. Talvez até aprendam algo”, desabafou.
A loira realmente parece alguém que passou por coisa demais na vida, uma vítima, uma sofredora. Ela, por ser “minoria”, sabe o que as “minorias” passam. Mas os “homens brancos” devem apenas se calar e escutar. E isso porque ela não gosta de estereótipos! Imagine só se ela gostasse…
Quem sempre desaparece nessas situações é o indivíduo. Negro, branco, mulher, gay, cristão: não importa, o indivíduo some do mapa, dando lugar a algum coletivo abstrato qualquer, que passa a “falar” ou “sentir” em seu lugar.
Não resta a menor dúvida de que muitos “homens brancos” devem ter passado por coisas bem piores do que Michelle na vida. Mas a vítima, pela narrativa “progressista”, será sempre de alguma “minoria” qualquer, enquanto o algoz será sempre o “homem branco”.
É uma narrativa tosca, absurda, injusta, e que depende… do estereótipo. Mas a moça, logo depois de afirmar que não quer fazer estereótipo, passa a condena todos os “homens brancos”. Os atos individuais perdem relevância, o que cada um disse não mais importa, a responsabilidade desaparece. Sobra a “minoria” vítima de um lado, e o “homem branco” insensível do outro. Fim de papo.
Rodrigo Constantino