Ecoando a crítica burkeana, Meira Penna defende o velho Whiggismo britânico, herdeiro das liberdades e da desconcentração de poderes possibilitadas pela Magna Carta, e contrapõe seu legado ao da mentalidade revolucionária francesa e do jacobinismo, que nos teria fornecido as raízes do socialismo e do nacionalismo doentio. Influenciados por esse modelo, os países da América Latina, como o Brasil, viveriam sempre então à sombra do terror jacobino “de esquerda” ou do autoritarismo bonapartista “de direita”. Em vez de institucionalizar a liberdade, como fizeram autores como Adam Smith, Locke, o próprio Burke e os “pais da Pátria” americana de 1776, que “conciliaram a ordem e a liberdade numa estrutura legal”, preferimos “o modelo romântico de Rousseau, Robespierre, Saint-Just, Babeuf e Bonaparte”, que nos condenaria a uma tensão entre “o despotismo dos caudilhos fardados” e “o democratismo dos agitadores”.