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Em sua coluna deste fim de semana na Folha, Demétrio Magnoli lamentou o fato de a esquerda política estar mergulhada no lulismo, o que a impede de se modernizar. Ele disse: “a esquerda seguirá ausente do debate nacional, contentando-se com a denúncia genérica das desigualdades sociais. A pesada âncora do lulismo prende a esquerda às areias do passado”.

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Como assim ausente? Concordo que a esquerda radical ficou aprisionada no “Lula Livre”, na retórica do impeachment como golpe. Mas daí a concluir que não temos esquerda no debate?! O PPS é o que? O Podemos? O PV, a Rede? O PSDB dos tucanos? Seriam todos esses e muitos outros representantes da direita, por acaso?

O sociólogo conclui: “O sectarismo custa caro. O Executivo está ocupado por reacionários tão arrogantes quanto incultos, que rezam no santuário herético do “Deus de Trump”. Eles querem distribuir armas, promovem a delinquência policial, estimulam o ativismo político de procuradores jacobinos, sonham subordinar a lei e a escola ao fundamentalismo religioso. A agenda extremista só encontra barreiras no “parlamentarismo branco” e num Judiciário acossado pelo fogo das redes olavo-bolsonaristas. O Brasil precisaria de uma esquerda moderna, cosmopolita. O que temos, porém, são os estilhaços de um lulismo espectral, que agoniza em câmera lenta.”

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Não nego que existe uma ala mais reacionária no governo, representante de uma direita nacional-populista com viés autoritário. Mas Demétrio joga tudo no mesmo saco e o chama de podre, como se defender o direito de possuir armas fosse algo absurdo, como se valorizar a polícia num país que chama marginal de vítima da sociedade fosse errado, como se combater a doutrinação ideológica marxista na sala de aula fosse ruim.

Foi a deputada Janaina Paschoal quem melhor rebateu o argumento de Demétrio sobre a necessidade de uma esquerda moderna: “Respeitosamente, divirjo. Já temos esquerda demais por aqui. Talvez ainda precisemos formar uma direita de verdade, poderíamos chamar de direita esclarecida”. É isso! Entre o esquerdismo radical dos petistas e do PSOL e o nacional-populismo da ala reacionária, há espaço para a esquerda mais moderna, social-democrata, que já temos representada pelo PSDB e companhia, e para liberais clássicos e conservadores de boa estirpe. São esses que andam fazendo tanta falta em nosso país. Mas aos poucos chegaremos lá…

Rodrigo Constantino