Em seu artigo publicado hoje no GLOBO, Demétrio Magnoli atacou a suposta incoerência dos liberais brasileiros que apoiam Donald Trump em sua batalha contra as elites globalistas. Para Demétrio, isso não passa de bobagem, coisa de um grupo insignificante, mas barulhento nas redes sociais (depois, quando acontece o Brexit ou a vitória de Trump, essa turma fica perplexa, sem entender nada, pois não sai de sua bolha). Diz ele (meus grifos):
No Brasil, seitas liberais bastante insignificantes, mas muito ativas na internet, transitam rumo ao campo gravitacional “trumpiano”. Uns e outros camuflam sua adesão ao antiliberalismo por meio de ataques à “elite globalista” (o Partido Democrata, os veículos de imprensa, as universidades, os partidos de centro e centro-esquerda na Europa), descrita pateticamente como um polvo “esquerdizante”.
Pois bem, Magnoli precisa reler seu próprio livro, Uma Gota de Sangue, sobre a questão do racismo e das cotas raciais, no qual demonstra – com fartura de dados – que as cotas raciais entraram artificialmente na pauta das universidades brasileiras a partir de pesados financiamentos externos da Fundação Ford. E nada mais elite globalista do que a Fundação Ford!
No livro, Magnoli acusa as minorias brasileiras de serem a versão local das minorias artificiais criadas por elites multiculturalistas que não precisam de apoio popular em seus respectivos países. O que é isso senão o globalismo que ele agora nega? Vejam este trecho de uma resenha do jornalista José Maria e Silva sobre o livro de Magnoli na época, e confiram especialmente o terceiro parágrafo, citação do próprio Demetrio Magnoli (grifos meus):
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