O professor Fernando Schuller, do Insper, resolveu analisar dez livros de história e sociologia que são utilizados em salas de aula em nosso país. Tarefa hercúlea, como ele mesmo admite: “Já li muita coisa na vida, mas não foram fáceis as horas que passei tentando entender o que se dizia em todos aqueles livros”. E qual o resultado de sua pesquisa?
O resultado é o seguinte: dos dez livros que analisei, 100% tem um claro viés ideológico. Não encontrei, infelizmente, nenhum livro “pluralista” ou particularmente cuidadoso ao tratar de temas de natureza política ou econômica. Talvez livros assim existam, e gostaria muito de conhecê-los. Falo apenas dos que me chegaram às mãos. Tudo livro “manco”. E sempre para o mesmo lado.
Com um adendo: vale o mesmo para escolas públicas e privadas. Imagino não serem poucos os sujeitos que jantam à noite, com os amigos, e reclamam do viés “anticapitalista” da sociedade brasileira. Sem desconfiar que anticapitalista mesmo é o discurso que seu filho adolescente vai engolir na manhã seguinte, sem chance de reação, no colégio.
O diagnóstico não chega a ser surpresa: estamos cansados de saber do viés ideológico do ensino brasileiro, do próprio MEC, da imensa maioria dos professores. Muitos são inclusive militantes disfarçados, nada mais. Usam a audiência cativa e vulnerável para “fazer a cabeça” dos jovens, para conquistar mais soldados para sua “revolução”, para seduzir mais gente para o lado vermelho da força.
Schuller passa a dar vários exemplos que, de tão toscos, chegam a ser quase engraçados. Mas aí lembramos que é esse conteúdo que está sendo transmitido para nossos jovens, e a graça se torna desgraça, tristeza. É a tragicomédia de nossa “educação”, um antro de comunistas ressentidos, de alienados que se julgam rebeldes libertadores, de preguiçosos que encontram nos slogans marxistas uma boa fuga para a necessidade de efetivamente ensinar algo.
Defender Cuba, o MST e Lula, enquanto o capitalismo é demonizado, eis o resumo da ópera bufa que está sendo ensinada para seus filhos, inclusive nas escolas particulares. Daí a extrema necessidade de um projeto como o Escola Sem Partido, e fica fácil entender a gritaria dos afetados. O comuna Paulo Freire é o grande guru dessa turma, e o resultado está aí: uma fábrica de papagaios marxistas e analfabetos funcionais, com o Brasil na rabeira do ranking do PISA. Schuller, que é Doutor em filosofia, conclui:
A doutrinação torna-se ainda mais aguda quando passamos dos livros de história para os manuais de sociologia. Em plena era das sociedades de rede, da revolução maker, da explosão dos coworkingse da economia colaborativa, nossos jovens aprendem uma rudimentar visão binária de mundo, feita de capitalistas malvados x heróis da “resistência”. Em vez de encarar de frente o século XXI e suas incríveis perspectivas, são conduzidos de volta a Manchester do século XIX.
Não acho que superar esse problema seja uma tarefa trivial. A leitura desses livros me fez perceber que há um “mercado” de produtores em série de livros didáticos muito bem estabelecido no país, agindo sob a inércia de nossas editoras e a passividade de pais, professores, diretores de escolas e autoridades de educação. Pessoas comprometidas com uma visão política de mundo e dispostas a subordinar o ensino das ciências humanas a essa visão. Sob o argumento malandro de que “tudo é ideologia”, elas prejudicam o desenvolvimento do espírito crítico de nossos alunos. E com isso fazem muito mal à educação brasileira.
Vencer essa guerra cultural é a coisa mais importante para o futuro do Brasil a longo prazo. Mas como o longo prazo é feito por recorrentes momentos atuais, cabe perguntar: qual candidato nas eleições de 2018 o eleitor acha que melhor representa o lado certo nessa batalha inevitável e fundamental?
Rodrigo Constantino