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Desde quando conservadores são contra direitos individuais?

Conservadorismo está associado, ao menos no Brasil, ao que há de mais obscuro e retrógrado no campo da política. Se alguém é um conservador, logo se imagina o sujeito arrastando a mulher pelos cabelos com seu tacape na outra mão, espancando gays por onde passa. Essa é a visão que a elite “progressista” tem, e é a elite “progressista” que domina as universidades e a mídia. Logo, essa é a visão de quem se “informa” por esses canais, não importa o tamanho do currículo Lattes.

A fala de ministros do STF, com destaque para Carmén Lúcia, sobre a preocupação com o “avanço conservador” no Brasil e no mundo comprova isso. A premissa é colocada logo na largada: conservador é aquele que vai contra os direitos individuais. Direitos individuais, por tal ótica, quer dizer ideologia de gênero, aborto, política de identidade etc. Temos um embate entre trogloditas conservadores e progressistas esclarecidos. Eis como o peixe esquerdista é vendido na feira intelectual. Essa é a sensação clara que se tem ao ler a notícia:

Os ministros do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia afirmaram, nesta segunda-feira (5/11), que o mundo vive um momento de avanço do conservadorismo, mas que direitos individuais estão resguardados por serem assegurados pela Constituição.

Destacaram, porém, que é necessário fortalecer instrumentos para preservar direitos sociais dos brasileiros diante da crise financeira que se espalhou pelo mundo nos últimos anos.

Além dos dois, os ministros Gilmar Mendes, Luiz Fux e Edson Fachin, do STF, também palestraram, nesta segunda, no evento “Desafios Constitucionais de Hoje e Propostas para os Próximos 30 anos”, organizado pela Editora Fórum.

“Estamos vivendo uma mudança que não é só no Brasil. Uma mudança inclusive conservadora, em termos de costumes. Às vezes, na minha compreensão de mundo e é só na minha, não quer dizer que esteja certa, perigosamente conservadora”, disse Cármen, a primeira a discursar.

A ministra ponderou, porém, que a “história humana não vai em linha reta” e que a “história tem suas ondulações, porque é feita de seres humanos com pensamentos e ideias diferentes”.

Lewandowski, por sua vez, afirmou que, “embora o quadro para o futuro seja negro”, o que pode vir a ocorrer são violações de direitos sociais e econômicos, e que os direitos individuais serão preservados, uma vez que o ordenamento jurídico tem instrumentos fortes, como o habeas corpus e o mandado de segurança.

O “progresso” não vem em linha reta, pois há no caminho esses obstáculos, essas pedras incômodas, os tais conservadores. Se ao menos o mundo fosse todo dominado por “ungidos” como os progressistas! A arrogância, o monopólio da virtude e a autocongratulação não são nada comparados à incrível ignorância histórica: foram os conservadores que lutaram por e garantiram diversos direitos individuais.

Só a estupidez ou a má-fé colocariam o conservadorismo como antagônico às conquistas individuais no que tange a liberdade. Os direitos naturais, por exemplo, saíram da caixola de pensadores conservadores e foi um conceito fundamental para permitir o avanço das liberdades individuais. A abolição da escravidão, após séculos, foi possível graças ao esforço e a coragem de gente conservadora, amparada nos valores morais cristãos.

Alexandre Borges comentou sobre o absurdo da fala dos ministros: “Conservadorismo em oposição aos direitos individuais? Depois vocês não entendem porque eles aparelham as faculdades”. Quando “progressistas” picharam a frente da casa de Cármen Lúcia, foram conservadores que voluntariamente decidiram limpar a sujeirada deixada pelos “protestos” esquerdistas. A ministra poderia ao menos assistir esse breve vídeo de Bruno Garschagen sobre o conservadorismo, para evitar tanto constrangimento:

Mas nada disso sensibiliza essa turma. A narrativa precisa continuar: a esquerda “liberal” e “progressista” representa o que há de mais moderno e esclarecido no mundo, enquanto os conservadores e “ultraliberais” são pessoas que pararam no tempo, incapazes de pensar nos indivíduos, repletos de preconceitos e ódio. Seria tão bom para a esquerda se isso fosse verdade, não é mesmo?

Rodrigo Constantino

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