Por Patrícia Bueno, publicado no Instituto Liberal
O brasileiro é, antes de tudo, um conformado. Aceitamos que estamos condenados por nossa herança colonial. Acostumamo-nos a creditar as possibilidades de desenvolvimento às condições de nascimento: a pobreza, a negritude, ser mulher… Divídas históricas ou sociais que determinariam nosso destino. Nada mais verdadeiro, nada mais falso.
O próprio hino socialista, “A Internacional”, em seus trechos conclama: “De pé, ó vítimas da fome! De pé, famélicos da terra! Da ideia a chama já consome a crosta bruta que a soterra. Cortai o mal bem pelo fundo! De pé, de pé, não mais senhores! Se nada somos neste mundo, sejamos tudo, oh produtores!” “À opressão não mais sujeitos! Somos iguais todos os seres. Não mais deveres sem direitos, não mais direitos sem deveres!”
Em verdade, perdemos a capacidade de libertarmo-nos dos grilhões ideológicos que nos condenam, pois “o importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos daquilo que os outros fizeram de nós.” Perdemos o protagonismo de nossos amanhãs. Precisamos é de responsabilidade.
Não existe dívida histórica, não existem “as” mulheres, não existem “os” negros e, acima de tudo, não existe o povo. Somente indivíduos realizam ações. O povo, as mulheres, os negros não amam, não bebem e não se reproduzem. Finalmente somos agora iguais. Coletivizaram-nos, viramos rebanhos. Somos, agora, “as” vítimas.
Muletas nos prendem. Precisamos de bolsa-empresário ou bolsa família; precisamos de uma ajuda estatal por sermos mulheres, ou pretos, ou índios, ou até mesmo homossexuais; antes de tudo precisamos que alguém faça por nós aquilo que – preguiçosos – somos incapazes de realizar e, portanto, reclamamos, exigimos.
Votamos em políticos porque nos garantirão direitos, mas nos insurgimos quando o fazem para si. Nossas escolas são péssimas, mas nós somos alunos, pais, professores ainda piores. Nossos destinos estão traçados. Sim, mas somente quando aceitamos os rabiscos que nos fizeram. A hipocrisia nos fez conformistas, reajamos!
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