A esquerda é tão repetitiva, mas tão repetitiva, que já sabemos muito antes o que ela vai dizer lá na frente. Exemplo: se empolga com Chávez, escreve vários textos sobre o foco no social elogiando o bolivarianismo, tece loas ao “socialismo do século XXI”, tudo isso enquanto os liberais mostram a enorme cagada que esse “novo experimento” vai gerar no país. Depois, quando a cagada toda está bem exposta, o que faz a esquerda? Diz que o chavismo se desvirtuou, que é… de direita, fascista!
O mesmo para todos os experimentos socialistas, nos quatro cantos do planeta, em diferentes culturas. Todos, sem exceção, foram trágicos, levaram apenas ao caos social, com muita miséria e escravidão. O problema foi do socialismo em si, de suas premissas equivocadas, de seus formuladores intelectuais, da utopia igualitária? Claro que não! O problema foi que gente como Stalin “desvirtuou” o socialismo verdadeiro. Bola para frente, prontos para mais uma experiência… e mais 100 milhões de mortes!
O bordão “deturparam o marxismo” é o mais usado para preservar a ideologia assassina. E eis que agora temos a adaptação tupiniquim para “deturparam o petismo”. Depois que o PT foi exposto pelo que é, uma quadrilha criminosa disfarçada de partido político, os últimos ratos abandonam o barco furado em pleno naufrágio, e gritam: “Eu não sou petista! O PT não é de esquerda! Viva a esquerda!”
Leonardo Boff, que defendia o PT com unhas e dentes (até bem afiados para um “religioso pacífico”), foi justamente nessa linha. Reconheceu que o PT errou, mas não faz o elo lógico com todas as bandeiras que o “partido” defendia e defende. É pura coincidência que toda a defesa de um estado inchado e poderoso tenha levado a um modelo corrupto em conluio com empreiteiras. É puro acaso que a retórica sensacionalista de “justiça social” e “luta de classes” tenha servido apenas para enriquecer a classe dos salafrários e sindicalistas. Boff segue impávido em sua defesa do socialismo. O PT é que se desviou da linda rota:
“Precisava vir alguém de fora, de uma jornalista Carla Jiménez do jornal espanhol El Pais, para nos dizer as verdades que precisamos ouvir. Seguramente a grande maioria concorda com o conteúdo e os termos desta catilinária contra corruptos e corruptores que tem caracterizado nos últimos tempos o Brasil.
Formou-se entre nós, praticamente, uma sociedade de ladrões e de bandidos que assaltaram o país, deixando milhões de vítimas, gente humilde de povo, sem saúde, sem escola, sem casa, sem trabalho e sem espaços de encontro e lazer. E o pior, sem esperança de que esse rumo possa facilmente ser mudado.
Mas tem que mudar e vai mudar. É crime demasiado. Nenhuma sociedade minimamente humana e honesta pode sobreviver com semelhante câncer que vai corroendo as forças vitais de um nação. Enganam-se aqueles que pensam que eu, pelo fato de defender as políticas sociais que beneficiaram milhões de excluídos, realizadas pelos dois governos anteriores, do PT e de seus aliados, tenha defendido o partido.
A mim não interessa o partido, mas a causa dos empobrecidos que constituem o eixo fundamental da Teologia da Libertação, a opção pelos pobres contra a pobreza e pela justiça social, causa essa tão decididamente assumida pelo Papa Francisco. É isso que conta e por tal causa lutarei a vida inteira como cristão e cidadão.
Estou convencido de que o Brasil poderá ser quando bem governado a mesa posta para as fomes e sedes do mundo inteiro. Creio que a revelação de tais crimes, sua punição, o resgate dos bilhões de reais ou de dólares roubados e devolvidos aos cofres públicos, nos deem duras lições. Que todos vigiemos para que nunca se esqueça e nunca mais aconteça”.
Ou seja, trocando em miúdos: sai o PT, entra o PSOL. Deturparam o petismo! Agora é a hora de o antigo PT, fresquinho e com nova embalagem, tentar uma vez mais implantar o socialismo no país. Vamos repetir tudo da mesma maneira, mas com a fé de que os resultados serão diferentes. Se não foi na primeira tentativa, nem na segunda, nem mesmo na centésima-oitava, então certamente será na centésima-nona! O PSOL será o novo refúgio das eternas viúvas de Stalin, pois a fé na ideologia é maior do que qualquer contato com a realidade.
“Insanidade”, disse Einstein, “é fazer tudo exatamente igual e esperar resultados diferentes”. A esquerda tupiniquim é insana.
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal