Comentário no Jornal da Manhã de hoje:
Mais um massacre, dessa vez na pacata e civilizada Nova Zelândia, o que mostra que não há lugar seguro contra doidos. O alvo: uma mesquita. Os autores: eco-fascistas, seja lá o que isso significa. Um ato terrorista perpetrado por supremacistas brancos, que foi divulgado ao vivo pela internet. Apesar dos ossos do ofício, fiz questão de não assistir aos vídeos. É exatamente o que esses malucos querem.
Em cima do massacre na escola em Suzano, é impossível não pararmos para refletir sobre o que se passa com o mundo moderno. Como já disse antes, não dá para encontrar uma resposta simplista. São muitos fatores em jogo. O ódio, o preconceito, a frustração e a incapacidade de se lidar com ela, a alienação, o fanatismo, tudo isso não tem ideologia, vai da extrema esquerda à extrema direita. Mas, como Hayek já havia notado, as ideologias totalitárias disputam o mesmo perfil de alma: o sujeito que flerta com o niilismo, com a total falta de sentido ou propósito mais elevado para sua vida medíocre e vazia. Ele encontra no comunismo, no fascismo, no nazismo ou no islamismo radical uma válvula de escape, uma fuga, e sua individualidade apagada se dilui no coletivismo da causa. Ali, como mártir ou carrasco, ele encontra algum senso de importância. O efeito contágio se faz presente: por isso as redes sociais, incluindo o submundo da internet, ajudaram a potencializar o fenômeno. Malucos sempre existiram, mas agora se sentem em grupo, em bando, e um puxa o que há de pior no outro.