Hoje é Dia das Crianças, então vamos de Nelson Rodrigues:
“Não me venham a falar dos instintos (até hoje não sei por que os temos e não sei por que os suportamos). O homem começa a ser homem depois dos instintos e contra os instintos.”
“Doeu-me que alguém visse na criança um ser mínimo e tão amoral como um bichinho de avenca. […] Se é verdade que um menino está isento do bem e do mal, então é um pequenino canalha.”
“O que há, em todos os idiomas, é ‘o culto da imaturidade’. O nosso tempo exige das pessoas plena imaturidade.”
“Se me perguntarem qual a mais feia impostura da nossa época, eu daria a seguinte e fulminante resposta: – É a cínica promoção que se faz do jovem.”
Quando pediram ao dramaturgo para dar um conselho aos jovens, ele não titubeou: “envelheçam!”
Lembrem de Machado de Assis: “O menino é o pai do homem”. E contra Rousseau, que idealizou a “inocência” infantil, fica a sugestão de leitura: O Senhor das Moscas, de William Golding. Civilização é “domesticar” crianças e jovens, não o contrário.
Sejamos bons pais: tentemos impor limites, dizer “não” com alguma frequência, em vez de estimular todos os apetites de forma a parecer descolado, “amiguinho” dos filhos e dos jovens. Nada mais patético do que um adulto com síndrome de Peter Pan, que não conseguiu abandonar a adolescência: um adultescente.
Bom feriado!
E, claro, não poderia faltar essa lembrança no dia de hoje, só para matar as saudades (ou celebrar que não precisamos mais aturar isso):
Rodrigo Constantino
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