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Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

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É comum a tentativa de se distinguir esquerda de direita comparando seus posicionamentos diante certos assuntos, o que, em muitos casos, entrelaça as duas correntes. Podemos enxergar isso claramente nas áreas da liberdade econômica e da assistência social.

Socialistas acusam liberais de privilegiarem o mercado em prejuízo dos “interesses sociais”, porém, são nos países em que o mercado flui mais livremente onde estão os maiores programas de bem-estar social, vide países escandinavos, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Cingapura e Estados Unidos; e são nesses países onde também se registram os maiores níveis de liberdade sexual, religiosa, de imprensa e de expressão, conhecidas pautas dos movimentos de esquerda que são sistematicamente ignoradas pelo governos socialistas.

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A corrida eleitoral americana nos dá um exemplo bizarro desse entrelaçamento ideológico, com Donald Trump, o principal candidato republicado e Bernie Sanders, o principal candidato democrata, compartilhando as mesmas inclinações nacionalistas, protecionistas e assistencialistas. Divergem apenas em questões de imigração, de cultura, de religião e de defesa nacional. São dois populistas.

Resumindo: Países vistos como de direita praticam muitas políticas que os próprios liberais e conservadores julgam como sendo de esquerda; países vistos como de esquerda praticam muitas políticas que os próprios socialistas julgam ser de direita.

Existe um único aspecto em que a esquerda e a direita nunca coincidem. Militância. A militância que sustenta a direita é ínfima se comparada à militância que sustenta a esquerda. A história e o atual momento brasileiro é a mais dolorosa comprovação disso.

Qual governo visto como de direita, num regime democrático, permaneceria no poder apesar de sua responsabilidade direta em tantos absurdos? Nenhum. Nenhum, porque nenhum governo de direita contaria com tantos artistas, intelectuais, jornalistas, sindicalistas e líderes estudantis e de movimentos “sociais” defendendo-o fervorosamente.

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Onze anos atrás, Duda Mendonça confessou em depoimento ao vivo e para todo o Brasil que a campanha de Lula à presidência da república, três anos antes, foi bancada com dinheiro sujo, lavado em paraísos fiscais no exterior. Segundo o art. 17 da Constituição e o art. 31 da Lei 9096/95, o PT deveria ter tido seu registro cancelado. Não foi. Não foi cancelado porque não houve mobilização nesse sentido. Movimentos sociais, artistas, intelectuais, jornalistas… ninguém se deu à nobreza de cobrar o cumprimento da lei. Mas… e se o marqueteiro de um partido não alinhado ao PT tivesse confessado um crime semelhante? Com absoluta certeza, teria acontecido um verdadeiro levante popular organizado pela militância socialista pedindo a queda do presidente e o cancelamento do registro do partido.

Hoje, já está comprovado que o PT deu continuidade ao mesmo procedimento criminoso. Na semana passada, o marqueteiro de suas três últimas campanhas presidenciais foi preso e as provas contra ele e o PT foram divulgadas pela própria justiça. O que diz a militância socialista brasileira? Diz que isso não passa de uma ardilosa estratégia do candidato derrotado nas urnas, Aécio Neves, para tomar o poder. Ninguém, nem a própria militância, acredita nisso, mas sindicatos e movimentos sociais não têm pudor em dizer que “pegarão em armas” caso a lei seja cumprida e Dilma seja afastada.

Entre a confissão de Duda Mendonça e a prisão de João Santana muitos outros escândalos vieram a público; e em todas as ocasiões, todas as pessoas ligadas ao PT contaram com um verdadeiro exército defendendo-os a despeito das evidências, das provas e dos testemunhos. Negam, até hoje, que não houve Mensalão. José Dirceu ainda é tratado como herói.

Agora, também temos a comprovação de que Lula se beneficiou de todos os esquemas de corrupção dos quais ele diz nunca ter tido conhecimento; e mais uma vez, todo o aparato da esquerda é acionado. Para cada ação da justiça contra ele, há um tsunami de manifestações em sua defesa. “Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”, diz as faixas que os militantes orgulhosamente ostentam nas manifestações.

Triste do país onde um partido como o PSDB é visto como de direita…

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O ex-governador e ex-presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo, foi condenado a mais de 20 anos de prisão por peculato e lavagem de dinheiro. Ninguém, além de seus advogados, se manifestou em sua defesa.

Em São Paulo, membros do PSDB são alvo de investigações sobre esquemas de corrupção nas obras do metrô e mais recentemente de desvio de dinheiro de merenda escolar. Nenhum sindicato, nenhum artista, nenhum intelectual, nenhum sindicato, nenhum movimento disso ou daquilo se manifestou em defesa dos tucanos.

A triste realidade:

O governo mais corrupto e mentiroso da história do Brasil, responsável direto pelo mais longo e profundo período de recessão econômica, continua sendo defendido apaixonadamente por militantes em todos os setores da sociedade. São os gritos, as ameaças e as intimidações de sindicatos e de movimentos sociais que mantém a existência do PT. São os textões de intelectuais, os vídeos dos artistas e os “cuidados” de tantos jornalistas ao escrever matérias sobre o governo que mantém de pé uma presidente com apenas 5% de aprovação e que continua fazendo de tudo para que a economia do país afunde cada vez mais.

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Qualquer governo visto como esquerda, independentemente dos absurdos que venha a cometer, sempre contará com o apoio da grande maioria dos artistas, dos intelectuais, dos jornalistas, dos sindicalistas e dos líderes estudantis e de movimentos “sociais”. Para esse exército, a corrupção, a incompetência, o autoritarismo e a mentira de partidos da esquerda são insignificantes diante do prazer de se olhar para cima e ver uma bandeira vermelha tremulando. Para a militância socialista, um governo não precisa funcionar. Ele só precisa existir enquanto representação ideológica. O Brasil está em boas mãos. Cuba e Venezuela também.

*Para ler a primeira parte desse artigo, clique aqui