É impressionante como certos “intelectuais” e “psis” nunca aprendem. Simplesmente toda experiência socialista/comunista resultou em completa desgraça, em muita miséria, escravidão e mortes, mas ainda assim eles continuam sonhando com o “socialismo certo”, aquele que finalmente vai fazer do mundo um lugar mais “justo”. Em sua coluna de hoje na Folha, o psicanalista Contardo Calligaris comenta sobre o filme “Trumbo: Lista Negra”, e celebra que os socialistas e comunistas não sejam mais vistos como “traidores da Pátria”. Diz ele:
Em suma, eu queria que a Itália inventasse “seu” socialismo; não tinha a menor vontade de que o país atravessasse a Cortina de Ferro. E, se fosse mesmo para dividir o mundo em dois blocos, cada um com seus países satélites, preferiria que fôssemos um satélite dos Estados Unidos.
Tanto faz. O que importa é que, naquelas primeiras décadas depois da Segunda Guerra, falar sobre projetos de sociedade se tornou quase impossível.
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Acontece que a Guerra Fria tinha conseguido impedir qualquer debate de ideias, porque transformara uma divergência de opinião num crime de traição. Você é comunista? Você é um agente soviético. Você é liberal? Você é um agente dos EUA.
Saí de “Trumbo” pensando três coisas: primeiro, que a coragem é sempre admirável –no caso, a coragem de não se desmentir.
Segundo, que é incrível que, hoje, Bernie Sanders, um candidato viável à presidência dos EUA, possa se declarar socialista, apresentar suas ideias e não ser acusado de traição. O fim da Guerra Fria serviu para alguma coisa.
Terceiro, que talvez Stálin tivesse razão. Essa vou ter que explicar.
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Claro, Stálin era detestável, mas, sem o espantalho do sonho internacional trotskista, quiçá tivesse sido possível, nas décadas passadas, pelo vasto mundo, ser socialista ou comunista discutindo ideias, sem ser demonizado como traidor da pátria. Aqui no Brasil, por exemplo, sem ouvir: se você não gosta do país, “ame-o ou deixe-o”.
Diga-me, Contardo Calligaris, qual é o “seu” socialismo? O que ele prega exatamente? Quais são os meios que você defende? Mais estado, mais intervencionismo econômico, elevados impostos progressivos, controle estatal da propriedade privada? E nos diga, por favor, onde foi que isso deu certo! Não venha, por favor, citar a Suécia, pois os leitores deste blog não são bobinhos como os leitores de um Greg da vida.
A Suécia ficou rica graças ao liberalismo, e seu modelo de estado de bem-estar social tem lhe custado muito caro, mesmo já tendo sido reformado após quebrar uma vez no começo da década de 1990. Do ponto de vista de liberdade econômica, a Suécia ainda é bem mais liberal do que o Brasil, por exemplo. Logo, melhor você pensar em algum outro exemplo. Mas pensa bem, muito, pois será preciso inventá-lo…
A Guerra Fria criou um ambiente dicotômico e polarizado, sem dúvida. Mas guess what? Um lado tinha mesmo razão! Era o lado que você mesmo escolheria, se tivesse que optar. O lado capitalista, liberal, com propriedade privada e livre mercado. O outro lado era o da opressão, da miséria, da escravidão, dos campos de concentração, do controle estatal sobre tudo. E veja: em todos os países socialistas!
Só mesmo alguém muito alienado poderia celebrar que um socialista assumido como Bernie Sanders, um loser comunista que passou a lua de mel na União Soviética, tem chances de chegar ao poder nos Estados Unidos. Que tipo de idiota poderia achar mesmo que um eventual governo seu iria melhorar a vida dos americanos em geral, em vez de torná-la mais parecida com a dos latino-americanos que tentam fugir para a América do Norte?
Não, Contardo Calligaris, o comunismo não é uma traição à Pátria apenas; é uma traição à Humanidade! Aos anseios mais básicos de liberdade dos seres humanos, que felizmente não são insetos gregários. Comunismo é desvio de caráter ou seita ideológica de fanáticos. Você adere a ele ou por inveja e recalque ou por sede de poder e destruição. Não se pode ser comunista e ao mesmo tempo democrata. São se pode ser socialista e prezar a liberdade individual.
Discorda? Então o ônus da prova é todo seu: apresente um só caso de socialismo bem-sucedido. Caso contrário, terei todo o direito de julgar que o “seu” socialismo não passa de uma fuga da realidade, de um mecanismo psicológico de autodefesa, de alienação, de entorpecente “intelectual” para românticos que não ligam de fato para o sofrimento do próximo, preferindo apenas o regozijo próprio pela sensação de superioridade moral proveniente da repetição de slogans sensacionalistas.
PS: Está tão feliz assim por “debatermos” comunismo versus capitalismo sem perseguições e acusações de traição? Então que tal incluir o nacional-socialismo nessa história? Sim, o nazismo também passou a ser visto, com toda razão, como ideologia de traidor, não da Pátria, mas da Humanidade. Por que haveria de ser diferente? Só porque os comunistas querem? Mas os resultados de ambas as ideologias são os mesmos! Tanto é verdade que muitos países do Leste Europeu decidiram proibir símbolos e partidos comunistas, pois quem viveu na pele essa experiência nefasta jamais vai querer repeti-la ou celebrar Bernie Sanders em nome da “pluralidade da ideias”…
PS2: Sim, houve perseguição a comunistas em Hollywood, e havia boas justificativas para isso, ainda que excessos possam ser condenados. Hoje o pêndulo extrapolou para o outro lado, porém. Hollywood se transformou numa máquina de propaganda esquerdista e antiamericana, vendendo socialismo como se fosse o máximo, não uma ideologia terrível como de fato é.
PS3: O fato de você ter militado na esquerda socialista mas preferir viver no lado capitalista “brega” não chega a ser novidade alguma. A imensa maioria dos socialistas prefere mesmo ficar do lado capitalista. É a hipocrisia da esquerda caviar, que expliquei em detalhes no meu livro sobre o assunto. Ou você acha que Michael Moore, Noam Chomsky, Sean Penn e companhia, apesar de toda a pregação socialista, gostariam de trocar os Estados Unidos pela Venezuela?
Rodrigo Constantino