A presidente Dilma tem sido elogiada por muitos ao resistir à pressão do próprio PT pelo controle da imprensa, sob o eufemismo de “democratização da mídia”. Ela deu várias declarações indicando que rejeita veementemente qualquer tentativa de censura de conteúdo, e que confia apenas em um controle: o remoto na mão do telespectador.
Mas sabem como é… ano eleitoral, pressão pra todo lado, campanha de “Volta, Lula” e uma ala radical do PT incomodada com a lentidão da presidente em relação ao projeto bolivariano do partido, e eis que a presidente Dilma acabou cedendo a uma parte da pressão.
Segundo a Folha, a presidente vai encampar, num eventual segundo mandato, a proposta de regulação econômica da mídia:
Segundo assessores, Dilma vai apoiar um projeto que regulamente e trate dos artigos 220 e 221 da Constituição.
Eles determinam que os meios de comunicação não podem ser objeto de monopólio ou oligopólio e que a produção e a programação de rádios e TVs devem atender os princípios de produção regional e independente. Trata ainda da definição de como deve ser a publicidade.
Em recente reunião no Palácio da Alvorada, Dilma deixou claro a petistas não ter a intenção de regular conteúdo, mas sinalizou que topava tratar da parte econômica: “Não há quem me faça aceitar discutir controle de conteúdo. Já a regulação econômica não só é possível discutir como desejável”, disse.
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A inclusão do tema no programa petista foi acertada com Dilma, desde que ficasse bem claro que não haveria nenhuma proposta de controle de conteúdo. Historicamente, o PT e setores da esquerda miram o domínio da Rede Globo. Líder de audiência, a emissora abocanha a maior fatia do mercado publicitário do setor.
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Na reunião, estava presente o comando da campanha pela reeleição –além de Dilma, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), o presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro Franklin Martins.
Trata-se do trio trotskista que sonha com o dia em que o Brasil será como a Venezuela, quiçá Cuba. Franklin Martins é o mais sedento deles pelo controle da mídia, especialmente de seu ex-patrão, o Grupo Globo.
Controlar diretamente o conteúdo é mais complicado, chama mais a atenção, cria mais resistência; mas controlar os veículos de imprensa pela via econômica, sob a alegação de que combate os “monopólios”, ah, isso é muito mais fácil. E foi justamente o que fizeram Venezuela e Argentina.
Hayek já dizia que sem liberdade econômica não há liberdade política. Se o governo controla o fornecimento do papel, então ele controla os jornais, como ficou claro nos países bolivarianos. Há inclusive uma nota na coluna de Ancelmo Gois hoje relatando um caso pitoresco sobre isso:
A esquerda e o PT vêm tentando asfixiar economicamente os grandes grupos independentes de imprensa há anos. Tem ligação com essa estratégia as campanhas de proibição de comerciais de cigarros, restrições às propagandas de bebidas e direcionadas ao público infantil. Dessa forma os veículos ficam cada vez mais dependentes das verbas estatais, crescentes, o que tornaria esses grupos reféns do governo.
Quando Dilma afirma que pretende endossar a bandeira de controle econômico da imprensa, proposta por essa turma autoritária que odeia a liberdade de expressão, é para ter calafrios mesmo. Esse é o projeto do PT. E agora temos a presidente Dilma, candidata à reeleição, dizendo com todas as letras que o projeto fará parte de um possível novo mandato.
Difícil é entender como a própria Globo ainda não se deu conta do perigo – ou, se isso aconteceu, ninguém saberia dizer, pela postura do grupo. Será que acredita ser possível domar o leão? Será que pensa ser capaz de impedir o avanço dos bolivarianos dentro do governo? Doce ilusão!
Vale a leitura do artigo publicado no próprio jornal GLOBO hoje, sobre os sete anos sem a RCTV na Venezuela. Foi assim que tudo começou por lá também…
Rodrigo Constantino