O Jornal da Globo tradicionalmente entrevista os principais candidatos a presidente, e ontem seria a vez de Dilma Rousseff, após a entrevista de Marina Silva na segunda-feira. Mas ela recusou o convite, algo inusitado na história. Fugiu da raia, em linguagem mais direta. Ficou com medo das perguntas de William Waack, que sabe ser ainda mais incisivo do que o outro William, o Bonner, do Jornal Nacional.
A reação do JG foi digna de aplausos: explicou o ocorrido e colocou no ar as perguntas que faria. Seguem algumas delas:
Adoraria ver como a presidente Dilma responderia a essa questão! Afinal, tenho batido muito nessa tecla aqui, e seria muito feio sair pela tangente, culpando a Copa, a seca ou a tal “crise internacional”, diante da afirmação prévia do jornalista de que o Brasil está bem atrás dos seus pares. Seria no mínimo engraçado ver a moreia se enrolando toda na linha no afã de se libertar do anzol…
Chega a ser engraçado ver a presidente Dilma fazendo inúmeras promessas como se tivesse acabado de se candidatar pela oposição ao atual governo, e não como alguém cujo partido está no poder há 12 anos! Explica, Dilma, por que tanta coisa prometida antes não foi feita, em vez de fazer novas promessas vazias…
Simples: negando a realidade! Mas seria curioso ver a presidente Dilma tendo de desqualificar todo mundo, os investidores brasileiros, os estrangeiros, o FMI, a The Economist e tantas outras entidades mundo afora que apontaram para os malabarismos contábeis do seu governo.
Eu faria uma pergunta um pouco diferente: por que a senhora ao menos não chamou um David Copperfield para tais malabarismos, preferindo apelar para truques rudimentares dignos de um mágico de festa infantil?
Outras perguntas falavam dos preços represados que causam enormes prejuízos à Petrobras e da dentadura distribuída para uma senhora pobre um dia antes de ser recebida pela presidente para gravar programa de campanha eleitoral. Que sinuca de bico!
Compreende-se, então, o motivo pelo qual Dilma negou o convite. A turma da zoeira, sempre criativa, produziu logo um “meme” nas redes sociais, fazendo analogia ao filme com Julia Roberts, muito parecida fisicamente com Dilma, inclusive:
Em vez de responder a essas duras perguntas, das quais o eleitor deveria ter o direito de conhecer as respostas, Dilma preferiu fazer um ataque “velado” a Marina Silva em seu programa eleitoral, comparando-a a Jânio Quadros ou Collor de Melo. Ou seja, tentando colar na concorrente a pecha de aventureira, sem base partidária.
Quem fala o que quer ouve o que não quer. Marina respondeu que Dilma é que pareceria mais com Collor, pois jamais havia disputado uma só eleição, nem mesmo para vereadora, e foi logo de catapulta até a presidência, pelas mãos de seu criador político, Lula. Aventureira?
No mais, é realmente um espanto alguém acusar o outro de parecer com Collor, sendo que o próprio está dando todo o seu apoio… a ela mesma!
Sou o primeiro a criticar Marina Silva, como o leitor está cansado de saber. Mas calma lá! Há limites para tanta cara de pau, ou ao menos deveria haver. Imagine só, leitor, alguém lhe apontar o dedo e acusá-lo de parecer com Fulano, sendo que Fulano está logo ali, ao lado de seu “acusador”. É como gritar: “Você não presta, pois se parece muito comigo!”
Seria cômico, não fosse trágico. O PT sempre foi assim: liga sua metralhadora giratória diante de um espelho, para acusar os adversários, tratados por eles como inimigos, daquilo que eles mesmos são e fazem. Já chega! Ninguém aguenta mais o PT. Dilma fugiu da entrevista, mas em outubro é hora de o eleitor colocá-la para correr… do Planalto!
Rodrigo Constantino