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Um amigo meu definiu com perfeição a entrevista da presidente Dilma ao ValorPro, na qual ela se diz numa fase “confucionista”: nada disso, Dilma está – continua – na fase “confusionista”. É muita confusão para uma só pessoa!

Para começo de conversa, Dilma continua culpando a crise de 2008 pelos males que assolam o Brasil hoje, e que derivam totalmente de suas trapalhadas. A presidente também dá sinais de que não entende a gravidade de sua situação política, sua fragilidade, sua falta de apoio da “base aliada”.

Do ponto de vista da economia, Dilma ainda não absorveu a ideia de que não dá para ter e comer o bolo ao mesmo tempo, ou seja, que para se investir de forma sustentável, é preciso antes reduzir o consumo. Seu mentor econômico é ninguém menos do que Lula:

O que o Lula sempre achou, em todas as circunstâncias, é que uma parte da recuperação vem do consumo. E nisso ele tem toda razão. Do consumo e do crédito. O problema é que criam uma oposição entre investimento e consumo. Não tem. Você sabe que a China hoje está fazendo o possível e o impossível para aumentar o consumo dela? E está fazendo o possível e o impossível para ver o que faz com o sobreinvestimento. Aqui é o inverso. Temos que aumentar o investimento e manter o consumo. Uma das nossas maiores forças é o mercado interno. Podemos começar pela exportação, mas o que vai mesmo ancorar o país é a produção para o mercado interno.

Os professores da Unicamp devem ter aplaudido. Nós, liberais, choramos pela incapacidade de aprendizagem dessa turma. Então quer dizer que a presidente não enxerga “trade-off” algum entre consumo e investimento? De onde ela acha que vem a poupança para bancar um investimento sustentável senão da decisão de não consumir mais hoje para ter mais amanhã? É um espanto! Dilma não aprendeu nada com seus erros que jogaram o país nessa crise.

Diante de todo o estrago que causou aos brasileiros, porém, o que realmente irrita Dilma é o Pixuleco 13-171, o boneco inflado de Lula preso. Isso é um absurdo, inaceitável, e sabem o motivo? Lula é “um patrimônio deste país”. Isso mesmo: Dilma acha que não podemos fazer ironias ou protestar contra o maior cínico que essa nação já teve, pois ele é “um patrimônio deste país”. Será que sua fortuna amealhada de forma obscura como lobista da Odebrecht também é “patrimônio desta nação”? Cadê a nossa parte?

Dilma, que voltou a usar o “minha querida” para se referir àquela que a entrevistava, também apelou para a cartada sexual da vitimização para fugir da pergunta sobre uma eventual renúncia: “Não. Você já pensou que nunca perguntaram isso para nenhum homem? Por que mulher renuncia?” A jornalista lembrou que Jânio Quadros, homem, renunciou. Mas Dilma não titubeou: “Eu não saio daqui, não faço essa renúncia. Não devo nada, não fiz nada errado”. Imaginem se ela tivesse feito algo de errado!

Guilherme Fiuza, que vem batendo nessa vitimização constante e cínica dos petistas, resumiu bem o ridículo da coisa: “Lula está indignado, porque a indignação é seu disfarce perfeito. Um dia ele já se indignou de verdade, mas, quan­do notou que o figurino do injustiçado chorão lhe dava poderes mágicos, não vestiu mais outra roupa. Lula manda no Brasil há 12 anos e continua se queixando da opressão – fórmula perfeita para eleger uma oprimida profissional, que luta dia e noite contra uma ditadura encerrada 30 anos atrás”.

Assim segue a República do Pixuleco. Os safados que destruíram a nação continham bancando as vítimas, e defendendo mais imposto ainda, enquanto os trabalhadores pagam o pato. Perguntada sobre Nelson Barbosa ou Joaquim Levy, desenvolvimentismo ou ortodoxia, Dilma se saiu com essa: “Eu estou na fase confuciana. Eu sou a favor do caminho do meio e da harmonia”. E ao andar nesse “caminho do meio”, que fica bem à esquerda do centro, eis que a presidente “confusiana” jogou o país inteiro no abismo.

Mas calma! Ainda estamos meio vivos. E Dilma ainda está no poder, com a possibilidade de terminar o serviço de vez…

Rodrigo Constantino

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