Vergonhoso. Eis o que resume o pronunciamento oficial da presidente Dilma ontem na cadeia nacional de televisão. Uma vez mais o PT usa uma prerrogativa de estado para fazer escancarada campanha eleitoral, vendendo um país fictício, inexistente, imaginário. Vejam:
httpv://youtu.be/HS6W7z50bxA
Dilma atacou os “pessimistas” que previam problemas na Copa. Ao escutar as palavras lidas pela presidente pelo teleprompter, há a nítida noção de que estamos falando da Alemanha, não do Brasil. Estádios prontinhos, aeroportos em perfeito estado que dobraram de capacidade, garantia de fornecimento de energia sem nenhum risco de apagão, etc.
Que país é esse, presidente? Não é o meu Brasil. Não o Brasil dos aeroportos com “puxadinhos” e filas de espera. Não o Brasil dos estádios ainda em obra, a toque de caixa, com andaimes para suprir as necessidades de emergência. Isso sem falar dos “elefantes brancos” que ficarão em estados sem nenhum uso depois da Copa.
A presidente Dilma acha que R$ 8 bilhões gastos para os estádios não representam desperdício algum, pois muito mais foi investido em educação. Para ela, é um falso dilema contrapor tais gastos ao custo de oportunidade, ao que poderia ter sido feito com essa montanha de recursos.
Em momento de humor negro, Dilma disse que todas as contas da Copa estão sendo analisadas minuciosamente, e que não há risco algum de passar desvios. Risos. Depois choro, quando lembro que muitos idiotas úteis devem acreditar no discurso.
Até a ditadura foi atacada no pronunciamento, para enaltecer a “jovem democracia” com instituições sólidas. Quais? As que o PT vem tentando destruir desde o começo? Um Congresso que o PT tentou comprar e agora tenta driblar por meio de “conselhos populares”?
Quando escrevi um texto de apoio à seleção brasileira, sabia que corria o risco de ver o governo tentando se apropriar desse sentimento patriótico, que está acima da raiva com o PT e o próprio governo. Isso é coisa de ditadura! Isso é coisa de regime comunista! São estes que abusam da paixão popular pelos esportes para colher dividendos políticos. Isso é abjeto, presidente Dilma!
Mas uma coisa precisa ser dita: a presidente abusou do poder estatal e da paixão nacional pelo futebol, mas não teve sequer a coragem de fazê-lo cara a cara, no dia da estreia da Copa, no estádio. Claro: ela teme o repúdio do povo ali presente, as vaias humilhantes. Em nota, o PSDB tocou no ponto:
Ao negar-se a discursar na abertura da Copa e escolher a proteção e o silêncio da tela de TV, a presidente buscou uma forma de se esquivar do contato direto com os brasileiros, com o intuito de evitar a repetição das manifestações que ocorreram na Copa das Confederações.
Na rede oficial de rádio e TV convocada esta noite, a presidente ultrapassou ainda mais os limites na mistura do interesse público e dos interesses pessoal e partidários, algo que já se tornou sistemático em seu governo.
Mais uma vez lança mão de um instrumento de Estado, pago pelo contribuinte, para fazer acintosa e ilegal campanha eleitoral.
Mas dessa vez surpreendeu ao utilizar o pretexto da Copa do Mundo para criticar milhões de brasileiros que vêm legitimamente manifestando sua discordância com a forma como o governo encaminhou os preparativos do evento.
A tentativa de associar a seleção brasileira a um governo lembrou a ofensiva de propaganda do regime militar.
Exatamente. Por isso, repito: o Brasil está acima do PT! Era claro, conhecendo o PT, que o partido tentaria usar a Copa para fins políticos. Mas se aceitarmos seu jogo e, como reação, torcermos contra a seleção, então estaremos cedendo. A nossa manifestação deve vir é nas urnas, como conclui a nota dos tucanos:
Torcemos todos pela seleção brasileira e por uma grande Copa do Mundo.
Ao trocar o contato direto com os brasileiros na abertura da Copa pelo conforto de mais uma rede oficial de rádio e TV, a presidente pode ter evitado um grande constrangimento, mas não evitará o julgamento das urnas.
Rodrigo Constantino
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