O evento foi promovido pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara, presidida por Eduardo. A fala ocorre em meio à expectativa da indicação do parlamentar, filho do presidente Jair Bolsonaro, para ser o embaixador do Brasil em Washington.
Diplomacia e defesa são faces da mesma moeda. Instrumentos de exercício da soberania nacional e da garantia da autonomia em nosso relacionamento externo. Não por acaso essa Casa resolveu unir os temas afetos à diplomacia e à defesa em uma única comissão a qual tenho orgulho de presidir. O próprio Frederico II [antigo rei da Prússia] conhecido como o Grande, disse, certa vez: ‘Diplomacia sem armas é como música sem instrumentos’.
Eduardo Bolsonaro defendeu que a diplomacia e as Forças Armadas caminhem juntas “num projeto de um Brasil acima de tudo e de uma pátria soberana e forte”.
Ele ponderou que, diante de “um sentimento generalizado de insegurança”, “é importante a sinergia entre a diplomacia e defesa”, mas “esperando sempre que o diálogo prevaleça”.
Eduardo Bolsonaro citou o exemplo da Suíça, país, que, segundo ele, é pacífico, mas não se desarmou.
“Um país pacífico não é um país desarmado. Cito como exemplo da Suíça, que tem uma grande concentração de armas nas mãos dos seus cidadãos e de nenhuma maneira é vista como um país não pacífico”.
Na avaliação dele, o “desarmamento de alguns só atende aos interesses mais sombrios daqueles que não têm projeto de nação, mas projeto de si mesmo”.
Eduardo está em campanha pelo cargo de embaixador nos Estados Unidos, o que depende ainda da sabatina no Senado. Tenho me colocado contra tal indicação por vários motivos, entre os quais o cheiro de nepotismo e a inexperiência e o perfil inadequados do deputado. Espero que ele seja vetado na sabatina.
Dito isso, eu concordo com ele nesse aspecto! A diplomacia sem a ameaça crível do uso da ultima ratio, ou seja, a violência, é apenas conversa de comadres, retórica de românticos, papo de elite confortável na ONU, cuja segurança depende de uma América fortemente armada.
Quando o xerife relaxa, os bandidos ficam mais ousados. É a velha tática do “sticks & carrots”, ou seja, oferece vantagens pela diplomacia (cenoura), mas sempre com a possibilidade de usar a agressão em casos extremos (porrete).
Ou, se preferir, a manjada estratégia do “good cop & bad cop”. Alguém adota a postura do brutamontes incontrolável para que o diplomata possa vir com o discurso mais suave e uma alternativa – sempre tem que ter uma alternativa, um “exit strategy”, como ensinava Sun Tsu.
Pense na sua rua ou no seu prédio. Digamos que você tenha um vizinho incômodo, meio malucão e agressivo, que desrespeita as regras de convívio civilizado ou do condomínio. O ideal é sempre tentar a via da política de boa vizinhança: uma conversa, um toque mais direto, um aviso mais incisivo, por fim uma ameaça mais firme, se nada surtir efeito. Mas tal ameaça diplomática só terá efeito prático se o vizinho temer uma atitude mais drástica de sua parte. Caso contrário você será motivo de chacota.
A diplomacia americana é útil porque há, por trás, o maior arsenal do planeta. Muito se falava do “soft power”, especialmente na época de Obama, mas o que realmente importa é o “hard power” mesmo. A influência pelas palavras vale menos do que os otimistas gostam de admitir, tanto que, durante a gestão de Obama, os inimigos da liberdade se sentiram mais “empoderados”.
Ter arma (poder) não é sinônimo de maior risco de violência. O mundo ficou mais tranquilo quando Reagan investiu pesado em armamento, e com isso fez a União Soviética ruir, ou ao menos precipitou o debacle inevitável. Como todo republicano entende, ter arma, país ou indivíduo, serve justamente para dissuadir seu uso, para que o outro pense duas vezes antes de iniciar uma agressão. Povo armado, como o americano, o suíço e o israelense, não é necessariamente um povo mais violento. E o mesmo vale para uma nação.
Por fim, o fato de eu concordar com a fala específica de Eduardo Bolsonaro nesse assunto não muda minha visão: ele costuma adotar postura beligerante, não tem perfil de diplomata, é muito jovem e inexperiente, sequer domina a língua inglesa e só está sendo indicado para o cargo por ser filho do presidente. Ou seja, não é a pessoa certa para essa função.
Rodrigo Constantino
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